Antigo líder do PP catalão baleado na rua em Madrid

Alejo Vidal-Quadras está em estado grave, mas estável. Polícia não descarta a hipótese de atentado por razão política e a vítima aponta o seu apoio à oposição iraniana como causa.

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O ataque deu-se no bairro de Salamanca, um dos mais chiques de Madrid Reuters/NACHO DOCE
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O político espanhol Alejo Vidal-Quadras, que foi presidente do Partido Popular na Catalunha, vice-presidente do Parlamento Europeu e um dos fundadores do Vox, foi baleado na cara esta quinta- feira, 9 de Novembro, em Madrid.

Vidal-Quadras, de 78 anos, estava a sair da missa no Bairro de Salamanca, onde reside, quando um homem com capacete se aproximou e disparou uma arma de fogo. O político foi assistido pelos serviços de emergência no local e encontra-se agora no hospital em estado grave, embora as fontes ouvidas pela imprensa espanhola indiquem que não corre risco de vida.

A polícia está à procura de duas pessoas que terão fugido de mota do local após o disparo. A investigação está a cargo do departamento de homicídios e uma das suas prioridades é perceber a razão do ataque. Uma fonte disse ao jornal catalão El Periódico que não está excluída a hipótese de se ter tratado de um atentado com motivações políticas.

Elas poderão, no entanto, não estar directamente relacionadas com a vida política espanhola. Vidal-Quadras tem sido um crítico acérrimo do acordo que o PSOE acaba de fechar com o partido independentista Junts para a investidura de Pedro Sánchez, mas tem também uma ligação de longos anos a movimentos da oposição iraniana e integrou um grupo de apoio internacional a Israel.

A própria vítima terá dito aos socorristas, segundo o El País, que o seu apoio à oposição iraniana pode ter estado na origem do ataque. Uma testemunha do disparo contou ao ABC que, apesar do tiro, Vidal-Quadras se manteve de pé e caminhou até à ambulância que entretanto chegou.

Nascido em Barcelona, o político foi deputado no Parlamento autonómico catalão e presidiu ao Partido Popular (centro-direita) da Catalunha entre 1991 e 1996. Entre 1999 e 2014 foi deputado no Parlamento Europeu, onde chegou a ocupar uma vice-presidência. No fim da estada em Estrasburgo desfiliou-se do seu partido de sempre, à data liderado por Mariano Rajoy, e integrou o Vox, então em formação. Em 2015 abandonou o partido de extrema-direita.

Vidal-Quadras já tinha uma relação com o Mujahedin e-Khalq (MEK), a Organização Mujahidine do Povo Iraniano, quando Santiago Abascal fundou o Vox e concorreu às eleições europeias de 2014. Terá sido ele a sugerir que o financiamento inicial do partido e da campanha eleitoral fosse angariado junto daquela entidade. A relação de Vidal-Quadras com o MEK permanece até hoje: ainda há dois meses participou numa conferência da organização em Bruxelas.

A polícia está agora a investigar essa pista, mas não descarta a possibilidade de o disparo se dever a um ajuste de contas por qualquer coisa no passado pessoal ou profissional do político. Os investigadores acreditam que os autores do ataque são profissionais e que podem ter agido por encomenda. Foi encontrada, entretanto, uma mota incendiada nos arredores de Madrid que pode ser a mesma que foi usada no crime.

Cerca de uma hora antes de ser baleado, Vidal-Quadras tinha criticado no X (antigo Twitter) o acordo entre o PSOE e o Junts, com vista à formação de governo, que prevê uma amnistia para os políticos implicados no processo unilateral de independência da Catalunha. “Já se se celebrou o nefando pacto entre Sánchez e [Carles] Puigdemont que tritura em Espanha o Estado de direito e acaba com a separação de poderes. A nossa nação deixará assim de ser uma democracia liberal para se converter numa tirania totalitária. Nós, espanhóis, não o permitiremos”, escreveu.

Estava previsto, acrescenta o ABC, que Vidal-Quadras participasse numa manifestação contra a amnistia que está agendada para esta tarde. As ruas de Madrid têm-se enchido repetidamente de protestos contra o acordo que permitirá a Sánchez manter-se como presidente do Governo e alguns terminaram com violência e desacatos.

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