Das cinzas da Fábrica Social nasce empreendimento que abre portas a nómadas digitais

Obra no Alto da Fontinha, no Porto, no local onde estava a Fundação José Rodrigues, já arrancou. A fundação mantém-se com novo edifício e serão construídos 41 apartamentos, escritórios e comércio.

neg - 7 NOVEMBRO 2023 - OBRAS PORTO ART SQUARE
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A Fábrica Social começou a ser demolida em Agosto Nelson Garrido
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A Fábrica Social começou a ser demolida em Agosto Nelson Garrido
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Imagem da futura sede da Fundação José Rodrigues DR
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O projecto prevê a construção de 41 apartamentos DR
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A paisagem do Alto da Fontinha, no Porto, vai mudar nos próximos anos. Essa alteração já está em curso desde Agosto, altura em que a Fábrica Social, onde estava a Fundação José Rodrigues, começou a ser demolida. Depois das obras, daqui a dois anos, irá nascer no mesmo local a Porto Art Square. O nome do empreendimento remete para as artes e a cumprir esse desígnio estará a reinstalação no mesmo terreno da fundação do escultor que em 2008 comprou a antiga fábrica de chapéus onde já tinha o seu ateliê. Mas à empreitada está também associada uma componente de habitação, com o metro quadrado à venda ao dobro do preço da média do que se pratica na cidade, e de escritórios para arrendar a artistas digitais, entre os quais nómadas digitais. Uma parte dos apartamentos já está vendida.

Para evitar ficar sem o seu ateliê, em 2008, o escultor José Rodrigues (1936-2016) comprou a Fábrica Social, fez obras e convidou outros artistas para serem seus vizinhos. Em 2020, da antiga unidade fabril saíam os últimos inquilinos - durante 12 anos, dezenas de instituições artísticas do Porto desenvolveram ali a sua actividade. A Companhia Visões Úteis foi uma das últimas a mudar de casa. Agora está em Campanhã.

Nessa altura, o futuro do edifício e do terreno situado na freguesia de Santo Ildefonso ainda era uma incógnita. Mas, dois anos depois, foi anunciada uma nova vida para o local. O Grupo Ferreira Holding (GFH) viu o projecto que submeteu ser aprovado pela Câmara do Porto em 2022. Além da nova sede da Fundação José Rodrigues, a autarquia aprovou a construção de 41 apartamentos, 14 escritórios e oito espaços comerciais. Ao todo, adiantava a Lusa no mesmo ano, seria feito um investimento de 15 milhões de euros.

Contactado pelo PÚBLICO, Rui D’Ávila, administrador da GFH, adianta que a obra estará terminada em dois anos. O Alto da Fontinha, zona de casas térreas e de algumas ilhas, junto à Rua de Santa Catarina, passará a ter um bairro dentro de outro bairro maior. O novo, afirma, terá um “carácter multiusos”: “Haverá habitação, serviços, comércio e, neste caso também, um equipamento cultural.”

Metro quadrado a 5 mil euros

Viver na futura Porto Art Square, que está a ser construída numa área de aproximadamente 7 mil metros quadrados, significa poder pagar “cerca de 5 mil euros por metro quadrado” por apartamentos do T0 ao T2 – a média do metro quadrado no Porto, segundo o Idealista, ronda os 2450 euros. Há ainda uma moradia com quatro quartos que está a ser reabilitada.

Os apartamentos já estão à venda. O PÚBLICO encontrou anúncios de apartamentos T1, com uma área de 58 metros quadrados, a 335 mil euros e T2, com 76 metros quadrados, a 445 mil euros. “Já comercializamos alguns. Bastantes, aliás", adianta. Face aos preços praticados, pergunta-se se há mais portugueses ou estrangeiros a comprar. Rui D´Ávila diz que são sobretudo portugueses.

Os escritórios serão arrendados a “artistas digitais”, o que quer dizer que os “nómadas digitais” fazem parte do público-alvo. Para esses há apartamentos com dimensões feitas à medida: “Temos um edifício com tipologias pequeninas, T0 e T1, muito vocacionado para os tais nómadas digitais e artistas que vão ter lá o seu ateliê". Quanto a quem vai ocupar os espaços comerciais, aguarda-se para perceber 2o que o mercado dirá”.

O Alto da Fontinha, com vista privilegiada sobre o Porto, que ainda conserva a pacatez de um bairro tipicamente portuense, vai mudar de figura com o projecto do arquitecto Ginestal Machado, responsável também pelo desenho do Arrábida Shopping ou da remodelação do Mosteiro de Grijó, em Gaia. Mas também poderá mudar de ritmo. No centro dessa mudança poderá estar o objectivo que se pretende atingir com a nova Fundação José Rodrigues. “Será um espaço de visitação. Portanto, queremos muito que incorpore o circuito turístico da cidade. Assim como as pessoas vão ver a Livraria Lello e fazem fila para a ver, gostaríamos que aquele espaço [Fundação José Rodrigues] fosse integrado no circuito turístico da cidade”, antecipa Rui D’Ávila.

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