CFP: “Ciclo de boas surpresas orçamentais pode ter chegado ao fim”

Nazaré da Costa Cabral esteve na Comissão de Orçamento e Finanças no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2024.

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Nazaré Costa Cabral é presidente do Conselho das Finanças Públicas LUSA/CARLOS M. ALMEIDA
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A presidente do Conselho das Finanças Públicas considerou esta quinta-feira que a execução do Orçamento do Estado para 2024 será desafiante e que trará o início de um novo ciclo sem resultados orçamentais melhores do que o previsto.

Nazaré da Costa Cabral respondia hoje numa audição na Comissão de Orçamento e Finanças (COF) no âmbito da apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2024 (OE 2024), às perguntas do deputado socialista Sérgio Ávila.

“O Orçamento de 2024 pode ser o princípio do fim das boas surpresas orçamentais”, afirmou a presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP).

Nazaré da Costa Cabral recordou que nos últimos anos os resultados orçamentais eram mais positivos do que as previsões do Governo, dando nota de que em alguns relatórios o CFP apontou mesmo para a subestimação de algumas rubricas.

“Esse ciclo das boas surpresas orçamentais pode ter chegado ao fim”, considerou.

Segundo Nazaré da Costa Cabral, “as tais folgas que eventualmente notávamos nos outros exercícios, parecem estar a esgotar-se”, estando este Orçamento “muito mais espartilhado porque entretanto foram criadas restrições orçamentais que não existiam, quer do lado da receita fiscal, quer do lado da despesa”.

Para a presidente do CFP, a actual proposta orçamental irá, assim, ter uma “execução mais difícil”, por um lado, se o Estado quiser cumprir o objectivo orçamental, dadas as novas e a desaceleração prevista da própria economia.

Por outro lado, se ao objectivo de saldo orçamental se associar “a um objectivo de continuação dos níveis de investimento, nomeadamente de investimento financiado por fundos nacionais”.

“Isto cria aqui, de facto, uma situação nova, uma situação mais difícil de gestão e de concretização dos objectivos pré-definidos”, antevê.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente vai reunir hoje o Conselho de Estado, dia em que está previsto falar ao país.