Aurora boreal filmada por pilotos da TAP em voo para Lisboa

Pilotos da TAP filmaram uma aurora boreal no céu nocturno durante uma viagem entre os Estados Unidos e Portugal no fim-de-semana. Fenómeno já tinha sido avistado na Figueira da Foz.

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As auroras boreais acontecem quando as ondas de plasma cuspidas pelo Sol durante as tempestades solares perturbam o campo magnético da Terra Svein-Magne Tunli
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A paisagem na viagem entre os Estados Unidos e Portugal prometia ser como outra qualquer para os pilotos da TAP, com o brilho das estrelas e os rasgos dos meteoros a rivalizar, como de costume, com as luzes das cidades muitos quilómetros abaixo do avião. Mas este voo entre São Francisco e Lisboa, no fim-de-semana passado, cruzou-se com um fenómeno celeste inesperado: uma aurora boreal afigurou-se perante os pilotos da companhia aérea portuguesa e ofereceu um espectáculo luminoso raro — produto de uma interacção entre partículas solares e a atmosfera da Terra.

O momento foi captado em vídeo e partilhado nas redes sociais por Márcio Santos, um entusiasta pelas áreas da meteorologia e ambiente responsável pela página Meteo Trás-os-Montes, dedicada à meteorologia naquela região portuguesa. No tweet que partilhou no X, podem ver-se “imagens incríveis da aurora, durante o voo da TAP entre São Francisco e Lisboa”: verdadeiras cortinas luminosas esverdeadas e púrpura ondulavam em altitude, tornando-se cada vez maiores, mais vivas e mais próximas do avião da TAP. No topo, as estrelas coroavam a aurora boreal.

Foi um fim-de-semana especialmente fértil em avistamentos de auroras boreais: o astrofotógrafo Miguel Marques captou o fenómeno, em tons rosa, nos céus da Figueira da Foz, e partilhou-o nas redes sociais: “Ténue e um pouco envergonhada atrás das nuvens, mas aquele tom rosado não engana ninguém”. “Tudo começou porque o Miguel viu algumas publicações com fotos aqui na Europa, com latitudes muito parecidas com a nossa. Claro que tínhamos de tentar, porque, apesar de não ser visível a olho nu, não é todos os dias que se ‘vê’ este fenómeno, muito menos aqui”, contou Maria, companheira de Miguel, na conta profissional do casal.

As auroras boreais acontecem quando as ondas de plasma expelidas pelo Sol durante as tempestades solares perturbam o campo magnético da Terra e atingem as camadas mais altas da atmosfera do planeta. Quando isso acontece, as partículas que compõem a atmosfera absorvem a energia desses ventos solares. Mas, ao retornarem ao estado de energia anterior, as partículas da atmosfera libertam radiação electromagnética — incluindo a luz visível. É deste processo que surgem as cores visíveis das auroras boreais (quando acontecem no hemisfério Norte) e as auroras austrais (no hemisfério Sul).

Não sendo inédito que este fenómeno seja visível na latitude em que Portugal está — aproximadamente 40ºN —, as auroras boreais não são comuns nesta região do planeta. Mas o choque entre o vento solar e o campo magnético da Terra resultou numa tempestade geomagnética com intensidade suficiente para que a interacção entre as partículas solares e as da atmosfera terrestre se espalhasse mais para sul do que é costume.