Emprego resiste a contracção da economia no terceiro trimestre
Taxa de desemprego manteve-se em 6,1% e número de empregos superou, pela primeira vez nos dados trimestrais do INE, a barreira dos cinco milhões.
Apesar de, no mesmo período, o PIB ter registado uma variação negativa, o mercado de trabalho em Portugal continuou, no terceiro trimestre deste ano, a resistir à conjuntura menos favorável, com o número de empregos a crescer e a taxa de desemprego a manter-se inalterada.
De acordo com os dados do inquérito de emprego publicados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego cifrou-se, no período entre Julho e Setembro deste ano, em 6,1% da população activa. É um valor igual ao registado no segundo trimestre deste ano e representa uma ligeira subida de 0,1 pontos percentuais face ao resultado do período homólogo do ano passado.
Ao mesmo tempo, o número de empregos continuou a apresentar uma tendência ascendente. Pela primeira vez na série trimestral do INE, o número de pessoas empregadas em Portugal superou os cinco milhões, tendo crescido 0,5% face ao trimestre imediatamente anterior e 2,2% face ao mesmo período do ano anterior. Há agora mais 109,2 mil empregos do que havia no terceiro trimestre de 2022.
Esta manutenção do emprego a níveis historicamente elevados aconteceu, durante o terceiro trimestre, numa altura em que a economia começa a dar sinais de dificuldades perante a conjuntura de taxas de juro altas e de abrandamento da procura internacional.
Na semana passada, o INE tinha revelado, na sua primeira estimativa para o valor do PIB no terceiro trimestre deste ano, que a economia tinha recuado 0,2% face ao trimestre imediatamente anterior, colocando o país em risco de recessão técnica (definida como dois trimestres consecutivos de variação negativa do PIB em cadeia) na segunda metade do ano, se o desempenho não for melhor nos últimos três meses de 2023.
Com a variação positiva de 0,5%, o emprego em Portugal voltou a crescer mais que a economia durante o terceiro trimestre, o mesmo acontecendo na comparação com o período homólogo do ano passado, com o crescimento de 2,2% do emprego a comparar com a variação de 1,9% que se verificou no PIB.
Há um mês, quando apresentou as suas previsões para a economia, o governador do Banco de Portugal fez questão de passar a mensagem que a chave para que Portugal evite uma queda mais acentuada da sua economia está na continuação do bom desempenho do mercado de trabalho. “A grande questão é se o mercado de trabalho continuará a funcionar como um dique para conter as tensões na economia ou se vai ser a primeira peça do dominó. Quer as empresas, quer os trabalhadores, quer as autoridades monetárias devem garantir que este dique não se rompa porque é ele que neste momento sustenta as nossas economias”, disse Mário Centeno.