Ucrânia investiga cerimónia militar que acabou com a morte de 19 soldados

Evento destinado a festejar o Dia da Artilharia em Zaporijjia foi alvo de um ataque das forças russas, gerando críticas sobre a sua realização tão perto do campo de batalha.

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Soldado ucraniano em patrulha junto à vila de Robotyne, na região de Zaporijjia EPA/KATERYNA KLOCHKO
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O que era para ser uma celebração militar rapidamente se transformou numa “tragédia que podia ter sido evitada”, nas palavras do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Na passada sexta-feira, 19 soldados ucranianos morreram na sequência de um ataque de mísseis russos quando participavam numa cerimónia para marcar o Dia da Artilharia, na região de Zaporijjia. Agora, as autoridades abriram uma investigação criminal aos oficiais responsáveis pela organização de um evento junto à linha da frente e que terá sido facilmente detectado pelos drones de reconhecimento russos.

“Foi iniciado um processo criminal”, declarou Zelensky nas redes sociais. “Todos os soldados na zona de combate — na linha de fogo do inimigo e no reconhecimento aéreo — sabem como se comportar em campo aberto, como garantir a segurança”, acrescentou o Presidente ucraniano.

O ataque que vitimou os soldados da 28.ª Brigada Separada de Assalto à Montanha e que provocou ainda um número indeterminado de feridos gerou uma onda de críticas entre os ucranianos nas redes sociais pelo planeamento de um evento tão perto do campo de batalha.

Um conhecido voluntário ucraniano, Serhiy Sternenko, sugeriu mesmo, em declarações à BBC, que o comandante que organizou a cerimónia deveria ser preso para o resto da vida. “Infelizmente, já se registaram muitos incidentes semelhantes. Sem mudanças sistémicas, haverá mais incidentes deste tipo”, afirmou.

A BBC dá também conta de um vídeo em que um soldado ucraniano, supostamente de uma unidade estacionada na região de Zaporijjia, aparece a criticar os responsáveis pela organização da cerimónia. “Em resultado, muitos defensores e civis ucranianos morreram”, disse.

“O principal é estabelecer a verdade completa sobre o que aconteceu e evitar que tais incidentes se repitam”, disse ainda Zelensky, acrescentando: “A investigação deve fornecer respostas honestas às famílias dos soldados mortos e à sociedade sobre como esta tragédia ocorreu e se foram emitidas ordens impróprias.”

Ao mesmo tempo que o Presidente ucraniano anunciava a abertura da investigação, a ministra Adjunta dos Negócios Estrangeiros, Emine Dzheppar, declarava a “profunda indignação” de Kiev com o ataque russo ao Museu Nacional de Arte de Odessa.

O museu, que celebrava o seu 124.º aniversário, informou que sete exposições, a maioria das quais com obras de artistas ucranianos contemporâneos, foram danificadas pelo ataque, que deixou uma grande cratera no exterior do edifício. Fotografias e vídeos mostram janelas e portas estilhaçadas e alguns quadros caídos no chão entre os destroços espalhados pelas galerias.

O ataque de domingo à noite atingiu o centro da cidade situada no Sul do país e, para além do museu, que é Património Mundial da UNESCO, teve também como alvo as infra-estruturas portuárias, ferindo cinco pessoas e danificando edifícios e equipamentos destinados à exportação de cereais.

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