Açores: empresa deixa de fazer actividade de natação com golfinhos
Falta de estudos científicos não permite avaliar impacto de actividades de natação com golfinhos, explica a Azores Adventures Futurismo, empresa marítimo-turística daquele arquipélago.
A empresa marítimo-turística Azores Adventures Futurismo anunciou que vai deixar de fazer actividades que envolvam a natação com golfinhos. A empresa, que anunciou esta decisão durante a 4.ª Bienal das Baleias, que decorreu nas Lajes do Pico, na ilha do Pico, a 30 e 31 de Outubro, explicou agora que a falta de estudos científicos sobre o impacto daquela actividade nas espécies de cetáceos “gera legítimas preocupações quanto ao seu impacto nos animais”, lê-se num comunicado que a empresa enviou ao jornal Açoriano Oriental.
“Apesar de um extenso corpo profissional de biólogos marinhos e skippers experientes, não temos na nossa posse estudos científicos ou suficiente informação para avaliar os impactos”, explica a empresa. Este anúncio ocorre poucas semanas depois de a provedora do animal, Laurentina Pedroso, anunciar querer criar legislação que melhore as condições de vida destes animais em cativeiro.
A Azores Adventures Futurismo é uma empresa familiar com mais de 30 anos de vida que tem lojas na ilha de São Miguel e na ilha do Pico e prestam serviços na área do turismo de natureza. Em terra, fazem trilhos pedestres e passeios de jipe, de carro e de bicicleta. No mar, o foco são os cetáceos. No site está anunciado a observação de baleias, nadar com os golfinhos, além de passeios de barco e canoagem.
“A nossa missão foi sempre proporcionar uma experiência que transcende a mera actividade turística, pois acreditamos que a natação com golfinhos pode ser uma experiência transformadora, uma oportunidade de aprofundar a conexão com a biodiversidade e promover a consciencialização sobre a importância da protecção dos animais”, adianta o comunicado de imprensa.
Mas a falta de estudos sobre o impacto da natação com golfinhos levou a empresa a reconsiderar a sua actividade. “Só esses estudos podem fornecer dados objectivos sobre o comportamento, bem-estar e respostas fisiológicas dos golfinhos durante essas interacções”, lê-se no comunicado. “Devemos deixar de lado o barulho e as suposições predefinidas, para que todos — desde os açorianos até o nosso ecossistema — possam realmente beneficiar-se conjuntamente", avança a empresa.
Apesar da decisão, a empresa garante que vai manter os contratos que já fez relativos àquela actividade durante o ano de 2023 e 2024.