Ivo Canelas: “Temos muita fome de que reparem em nós”
Um luminoso monólogo à volta da depressão e do suicídio tornou-se um fenómeno no teatro português. Ao fim de quatro anos e 50 mil espectadores, Ivo Canelas despede-se de Todas as Coisas Maravilhosas.
Ivo Canelas está no centro. O público vai chegando e ocupando as várias cadeiras dispostas num formato de arena, à volta do actor. Ele está no centro, mas dirige-se àqueles que vão entrando, recebe-os como se fossem amigos instantâneos, avança na direcção de vários lugares e leva um monte de folhas consigo. Mesmo aqueles que se escondem em lugares menos visíveis — talvez por saberem que o espectáculo envolve alguma participação do público — são, muitas vezes, abordados. “Gostas de Elis Regina?”; “O que é que fazes?”; “Já vi que gostas de amarelo, podes segurar nesta folha?”; “Deixa-me ouvir a tua voz” são interpelações que se escutam a Ivo Canelas, sempre de um lado para o outro, distribuindo as folhas que são cada vez menos, ao mesmo tempo que dá instruções simples. Quando, durante a peça que está quase a começar (ou que já começou?), ele disser determinado número, o/a espectador/a deverá ler em voz alta a frase escrita na folha com o número correspondente e que agora repousa no seu colo. Nada de muito complicado.
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