Reunião entre sindicatos médicos e Governo volta a terminar sem acordo
Novo encontro está marcado para dia 8. Ministro da Saúde subiu a parada e propôs uma actualização salarial de 8,5%, que, somada à redução do horário de trabalho, resulta num aumento de “22,7%”.
Ao fim de um ano e meio e de mais uma ronda negocial, continua a não haver acordo entre o Governo e os sindicatos que representam os médicos. A reunião deste sábado voltou a terminar sem um entendimento entre a tutela e os dirigentes da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) e o do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e ficou já marcado um novo encontro para a próxima quarta-feira, dia 8, às 10h30.
À saída da reunião, o ministro da Saúde adiantou, porém, um dado novo: Manuel Pizarro propôs este sábado que o aumento do salário-base passasse de 5,5% para 8,5%, o que, associado à diminuição do horário de trabalho - de 40 para 35 horas - fica já mais perto da percentagem que os sindicatos têm sistematicamente reivindicado (30%).
O ministro da Saúde propôs hoje aos sindicatos o aumento de 5,5% para 8,5% da atualização salarial dos médicos, uma contraproposta que diz aproximar-se das reivindicações sindicais se se considerar igualmente a redução do horário de trabalho.
"A proposta do Governo para o conjunto dos médicos é que o valor por hora, já a partir de Janeiro, aumente 22,7% porque, reduzindo o horário de trabalho, aumenta o valor por hora e aumenta porque propusemos hoje uma actualização salarial de 8,5%", revelou Manuel Pizarro.
Logo à entrada para a reunião deste sábado, a presidente da Fnam tinha deixado um prognóstico pessimista. "Tendo em conta a qualidade do documento que recebemos para esta reunião, vai ser extremamente difícil" conseguir um entendimento, vaticinou Joana Bordalo e Sá.
À saída, a dirigente sindical disse que as propostas colocadas em cima da mesa "foram exactamente as mesmas da semana anterior" e que o Governo ficou de enviar um novo documento antes da reunião do dia 8.
“Os documentos que nos apresentaram [a Fnam exigiu ter acesso aos diplomas do novo regime de dedicação plena e o que regula as unidades de saúde familiar] são piores do que aquilo que imaginávamos. Mantém-se, na dedicação plena, a questão de os médicos serem obrigados a fazer um limite de trabalho extraordinário de horas para 250 [actualmente são 150], a de aumentar a sua jornada diária de trabalho para nove horas, e o fim do descanso compensatório”, sintetizou Joana Bordalo e Sá.
Esta foi a terceira reunião no espaço de uma semana, após as duas maratonas de domingo e de terça-feira em que houve avanços na questão da redução do horário semanal, das 40 para as 35 horas, e da diminuição do trabalho em serviço de urgência, das actuais 18 horas para 12.
Ficou, pois, adiado mais uma vez o fim do protesto inédito dos médicos que se recusam a trabalhar para além do limite legal das horas extraordinárias e que está a provocar grandes constrangimentos em vários serviços de urgência de Norte a Sul do país.