Pelo menos 900 migrantes resgatados a caminho das Canárias, a maioria senegaleses

O Senegal é a origem de muitas das pessoas e das embarcações que este ano estão a tentar esta rota para chegar à Europa. Mais de 30 mil migrantes já fizeram este caminho.

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Migrantes senegaleses resgatados no alto-mar Ngouda Dione/REUTERS
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As autoridades marroquinas anunciaram ter resgatado do mar cerca de 400 pessoas, em várias operações realizadas desde sexta-feira, quando tentavam alcançar a costa das ilhas Canárias. No mesmo período, Espanha tirou do mar outros 500 migrantes que tentavam fazer a viagem do Senegal para as Canárias em quatro frágeis embarcações, entre os quais menores e alguns bebés. Foram encontrados quatro cadáveres a bordo.

Pelo menos 900 pessoas foram assim resgatadas das águas. Desde o início de 2023, já chegaram 30 mil migrantes em situação irregular às ilhas Canárias, segundo fontes policiais citadas pelo jornal El País. Está-se muito perto de ultrapassar o ano em que se registou o máximo histórico de entradas, que foi 2006, com 31.678 em todo o ano. Na verdade, esse máximo pode já ter sido ultrapassado, com as chegadas destes primeiros dias de Novembro.

Só no passado mês de Outubro, desembarcaram no arquipélago espanhol 14.976 mil migrantes, diz o diário espanhol.

Muitos dos que procuram esta rota das Canárias são senegaleses ou vêm em embarcações provenientes do Senegal – onde se vive uma crise política há alguns meses. Ousmane Sonko, um líder da oposição ao Presidente Macky Sall, foi detido em Julho, por apelo à insurreição e atentado à segurança do Estado. Está de novo em greve de fome em protesto contra a prisão, após uma primeira greve em Agosto.

O Governo de Madrid decretou situação de emergência, para tentar encontrar soluções rapidamente para problemas como encontrar locais que possam servir de centros de acolhimento para os migrantes.

Em meados de Outubro, a ocupação nos centros de acolhimento em Espanha era à volta de 80% das 4500 camas disponíveis, enquanto nas Canárias era de 90%, diz o El País. O Governo está à procura de espaços públicos e privados para criar dez mil novos lugares.

As chegadas permanecem constantes, como se vê pelo que aconteceu esta madrugada.

O Salvamento Marítimo espanhol e a Guarda Civil espanhola detectaram por avião as duas primeiras embarcações ao fim do dia de sexta-feira, perto da ilha de El Hierro. Os 254 ocupantes desembarcaram depois da meia-noite no porto de La Restinga, em bom estado de saúde.

Mas mais embarcações foram detectadas, algumas delas à deriva, e logo foi mobilizado um navio de salvamento da Guarda Civil. Numa delas, com 238 migrantes a bordo, foi preciso levar de urgência duas pessoas para o hospital, que acabaram por morrer. Noutra embarcação, viajavam dois cadáveres, descreve o El País, e outra pessoa precisou de ser internada. Não se sabe o número exacto de pessoas que viajavam nesta embarcação, pelo que o número de resgatados pode ser mais elevado.

Quando aos migrantes resgatados pela Marinha marroquina – e entregues às forças de segurança do Sara Ocidental em Dakhla para procedimentos administrativos –, pretendiam alcançar a costa das ilhas Canárias, e as embarcações eram provenientes do Senegal, segundo a agência oficial de notícias marroquina, MAP.

Inicialmente, as autoridades marroquinas comunicaram a localização de duas embarcações com 288 migrantes a bordo, maioritariamente de nacionalidade senegalesa. Os navios tinham deixado a costa senegalesa nos dias 19 e 25 de Outubro e havia um bebé a bordo, diz a Lusa.

Uma terceira intervenção da Marinha marroquina na sexta-feira num barco com 103 pessoas, 94 das quais senegalesas. Neste caso, os migrantes deixaram o Senegal no dia 29 de Outubro e entre eles estavam pelo menos dois menores.

Já neste sábado, a Marinha localizou uma quarta embarcação, com 42 migrantes de origem subsariana. Este barco não partiu do Senegal, mas sim da capital da Mauritânia, Nouakchott, no dia 22 de Outubro.

Cerca de 200 pessoas perderam a vida este ano na rota migratória que liga a África Ocidental às ilhas Canárias, segundo uma estimativa da Organização Internacional para as Migrações citada pela Lusa. Desde 2014, esta rota já acumulou mais de 770 vítimas mortais.

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