Já velho é o ditado que nos diz “mais vale prevenir do que remediar”, mas também temos outro que nos conforta quando algo corre menos bem. Para situações destas, “mais vale tarde do que nunca” e, por mais intrigante que pareça, acredito que ambos representam fielmente aquilo que devia acontecer em relação à educação dos nossos cães.
Na verdade, quando estamos à procura de um cão para aumentarmos a família e ser o nosso fiel companheiro de vida (o mais fiel que algum dia teremos), deveríamos pensar, primeiro que tudo, em avaliar a nossa experiência e capacidade para o educarmos. Procurar a ajuda de um profissional em comportamento canino nos primeiros tempos resulta e faz com que a aventura comece da forma mais positiva e enriquecedora possível. Resumindo: “Mais vale prevenir do que remediar”.
A humanização dos animais de companhia e a falta de conhecimentos técnicos ou experiência dos tutores transformam, muitas vezes, a experiência de educar um animal num dos maiores pesadelos das famílias. Na grande maioria das vezes, o comportamento do cão já está tão enraizado, que existe um descontrolo generalizado em vários cenários e contextos. Os especialistas conseguem perceber quando as famílias estão num ponto de ruptura emocional, cansadas e frustradas, e também quando se acham incapazes de retroceder o processo.
Sou da total opinião de que não há nenhum cão que não possa ser reabilitado, mas reconheço que quanto mais idade tiver, mais tempo levará o processo de recuperação e mais caros serão os planos de treino. Nesta fase chegamos ao momento em que a vontade dos tutores não é o único factor que têm que avaliar: o processo de treino exige disponibilidade diária e investimento monetário.
A decisão mais sensata é procurar, desde cedo, o apoio de um profissional que conseguirá decifrar quais são os sinais de alerta e evitar problemas maiores. É verdade que cada caso é um caso e que é importante entender que cada raça tem características próprias que interferem em alguns comportamentos, contudo estes são alguns dos sinais mais comuns:
- Utilização excessiva da mandíbula (mesmo quando quer chamar a atenção);
- Ansiedade de separação;
- Reactividade a pessoas, cães ou outros estímulos como carros;
- Marcar território;
- Protecção de recursos;
Qual é a melhor estratégia?
O facto de estes exemplos continuarem significa que as situações se vão complicar com o tempo e um desequilíbrio muito significativo no animal. Como tal, torna-se urgente compreender a origem.
Entenda-se que a melhor estratégia passará sempre por ser aquela que é menos invasiva para o cão, que é educativa, interessante para ele e que faz com que o animal veja o motivo do desequilíbrio como uma boa experiência.
Outra coisa a não esquecer é que a comunicação entre o tutor e o cão não é realizada da forma mais clara e correcta e agrava os problemas comportamentais do animal. A solução é integrar o tutor no treino do animal e fazer com que este perceba que faz parte do processo.
Um dos conselhos que posso deixar é que observem os vossos cães, estejam atentos às manifestações comportamentais que eles apresentam e, assim que detectem algum dos sinais de alerta, não hesitem em procurar ajuda de um profissional em comportamento canino.