Rendimentos em Portugal são os sextos mais baixos da UE em poder de compra

Rendimento disponível dos residentes diminuiu em 2022 e Portugal recuou na comparação europeia quando se olha para o poder de compra.

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O rendimento disponível calculado pelo Eurostat assume o valor líquido após impostos e deduções Rui Oliveira
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Portugal passou em 2022 a ser o sexto país da União Europeia (UE) com o mais baixo rendimento médio nacional quando se têm em consideração as diferenças de preços entre os vários países europeus.

Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo serviço de estatísticas europeu (Eurostat), o rendimento que as famílias residentes em Portugal dispunham para gastar em despesas ou guardar em poupanças passou de um valor médio de 11.089 euros em 2021 para 11.014 euros em 2022, o que representa uma quebra de 0,7%; quando se olha para o valor convertido em Paridades de Poder de Compra (PPC) – para um valor artificial de referência tendo em consideração as diferenças de preços entre os países da União Europeia –, o rendimento disponível passa de 12.404 PPC para 12.266 PPC, um recuo maior, de 1,1%.

Num ano fortemente marcado pela elevada inflação, a diminuição do rendimento disponível médio fez com que, na comparação europeia, Portugal caísse dois degraus: em 2021 estava no oitavo pior lugar e, agora, retrocedeu para o sexto a contar do fim.

Só na Grécia, na Hungria, na Roménia, na Eslováquia e na Bulgária os cidadãos têm salários mais baixos do que em Portugal, se se considerar o indicador de paridade de poder de compra. Deste grupo, apenas a Grécia e a Eslováquia fazem parte da zona euro, o que significa que, considerando unicamente o núcleo de países que partilham a moeda única, Portugal surge no terceiro pior lugar.

Segundo o Eurostat, o rendimento disponível aqui usado como referência corresponde ao “rendimento total de um agregado familiar, após a dedução de impostos e outras deduções, disponível para despesas ou poupanças”.

Os rendimentos são calculados nas moedas nacionais e depois convertidos para o tal numerário artificial comum, em PPC, sendo que o Eurostat, para calcular o valor médio por habitante (para um agregado familiar), tem em conta “a distribuição do rendimento, bem como a dimensão e a composição do agregado”.

Em 2022, o valor médio por habitante na União Europeia aumentou face a 2021, tendo subido de 18.011 PPC para 18.706 PPC.

A nível nacional, refere o Eurostat, os países da UE “com os rendimentos medianos disponíveis mais elevados em 2022 foram o Luxemburgo (33.214 PPC), os Países Baixos (25.437 PPC), a Áustria (25.119 PPC), a Bélgica (24.142 PPC), a Dinamarca (23.244 PPC) e a Alemanha (23.197 PPC)”.

No lado oposto, com os valores mais baixos, surgem a Bulgária (9671 PPC), a Eslováquia (9826 PPC), a Roménia (10.033 PPC), a Hungria (10.217 PPC), a Grécia (10.841 PPC) e, em sexto, Portugal (com os tais 12.266 PPC).

Em 2021, o país com o rendimento disponível mais baixo era a Roménia, seguida da Bulgária (que agora aparece em último), da Eslováquia, da Grécia, da Hungria, da Croácia e da Letónia, aparecendo Portugal então em oitavo.

Notícia corrigida às 15h37: Rectificada a referência aos países que fazem parte da zona euro e têm valores mais baixos (Grécia, Eslováquia e Portugal).

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