China prepara-se para o frio com queda brusca de 20 graus Celsius

A partir da próxima semana, espera-se que a maior parte do nordeste registe temperaturas máximas de apenas um dígito ou abaixo de zero, numa inversão abrupta do recente “grande aquecimento”.

Foto
Cidadãos vestem roupas de Inverno para resistir a temperaturas negativas durante uma caminhada ao ar livre em Shenyang, província de Liaoning, na China, 3 de Novembro de 2023 Costfoto/NurPhoto/Getty Images

As temperaturas no Norte da China devem cair até 20 graus Celsius após o segundo Outubro mais quente em décadas, mas as condições mais quentes do que o normal podem voltar em breve sob a influência do El Niño. Uma corrente de ar frio que entrará na China no sábado, vinda do noroeste, juntar-se-á a uma outra que chegou na quinta-feira para fazer baixar drasticamente as temperaturas, informou a Administração Meteorológica da China (CMA).

Nos desertos e pradarias escassamente povoados da região setentrional da Mongólia Interior, as temperaturas poderão baixar na sexta-feira e novamente no sábado, enquanto nevões poderão atingir a região de Xinjiang, no noroeste.

A partir da próxima semana, espera-se que a maior parte do nordeste registe temperaturas máximas de apenas um dígito ou abaixo de zero, à medida que o ar frio se desloca para leste e para sul, numa inversão abrupta do recente "grande aquecimento", afirmou o CMA.

Mudança repentina é invulgar

Embora as temperaturas negativas não sejam invulgares para esta época do ano, a mudança repentina é invulgar. Há alguns dias, um tempo incaracteristicamente quente fez com que partes do norte da China registassem temperaturas recorde superiores a 30 graus Celsius.

Nos últimos anos, as condições meteorológicas tornaram-se mais extremas na China, destruindo infra-estruturas urbanas e terrenos agrícolas, causando grandes perdas económicas e suscitando receios quanto ao ritmo e ao impacto do aquecimento global.

Este Verão, os tufões provocaram uma precipitação histórica em regiões do interior pouco habituadas a tempestades tropicais. O tufão Doksuri provocou as piores inundações desde 1963 na bacia do rio Hai, que engloba Pequim, Tianjin e a província de Hebei.

As autoridades deverão emitir 1 bilião de yuanes (128 mil milhões de euros) em obrigações soberanas para ajudar a reconstruir as áreas atingidas pelas inundações e melhorar as infra-estruturas para fazer face a catástrofes.

No início do ano, o Norte da China beneficiou de um calor fora de época, com temperaturas que atingiram níveis de Verão, pouco depois de um Janeiro muito frio, em que a cidade mais setentrional de Mohe viu a temperatura cair para um recorde de 53 graus Celsius negativos.

El Niño traz Inverno mais quente

O Inverno deste ano poderá, no entanto, ser mais quente devido a um El Niño moderado, disse Jia Xiaolong, director-adjunto do Centro Nacional do Clima da China, numa conferência de imprensa esta sexta-feira.

O El Niño é um padrão climático natural associado ao aquecimento das temperaturas da superfície do oceano no Pacífico central e oriental. O fenómeno ocorre a cada dois a sete anos, com uma duração de nove a 12 meses.

"A temperatura da superfície do mar no Pacífico equatorial Centro-Leste continuará a exceder 0,5ºC em Novembro e o evento El Niño persistirá no inverno de 2023/2024, com uma intensidade máxima de entre 1,5 e 2 graus Celsius", afirmou Jia.

Mas as estatísticas mostram que as temperaturas no Inverno podem variar muito durante o El Niño, alertou Jia.