China prepara-se para o frio com queda brusca de 20 graus Celsius
A partir da próxima semana, espera-se que a maior parte do nordeste registe temperaturas máximas de apenas um dígito ou abaixo de zero, numa inversão abrupta do recente “grande aquecimento”.
As temperaturas no Norte da China devem cair até 20 graus Celsius após o segundo Outubro mais quente em décadas, mas as condições mais quentes do que o normal podem voltar em breve sob a influência do El Niño. Uma corrente de ar frio que entrará na China no sábado, vinda do noroeste, juntar-se-á a uma outra que chegou na quinta-feira para fazer baixar drasticamente as temperaturas, informou a Administração Meteorológica da China (CMA).
Nos desertos e pradarias escassamente povoados da região setentrional da Mongólia Interior, as temperaturas poderão baixar na sexta-feira e novamente no sábado, enquanto nevões poderão atingir a região de Xinjiang, no noroeste.
A partir da próxima semana, espera-se que a maior parte do nordeste registe temperaturas máximas de apenas um dígito ou abaixo de zero, à medida que o ar frio se desloca para leste e para sul, numa inversão abrupta do recente "grande aquecimento", afirmou o CMA.
Mudança repentina é invulgar
Embora as temperaturas negativas não sejam invulgares para esta época do ano, a mudança repentina é invulgar. Há alguns dias, um tempo incaracteristicamente quente fez com que partes do norte da China registassem temperaturas recorde superiores a 30 graus Celsius.
Nos últimos anos, as condições meteorológicas tornaram-se mais extremas na China, destruindo infra-estruturas urbanas e terrenos agrícolas, causando grandes perdas económicas e suscitando receios quanto ao ritmo e ao impacto do aquecimento global.
Este Verão, os tufões provocaram uma precipitação histórica em regiões do interior pouco habituadas a tempestades tropicais. O tufão Doksuri provocou as piores inundações desde 1963 na bacia do rio Hai, que engloba Pequim, Tianjin e a província de Hebei.
As autoridades deverão emitir 1 bilião de yuanes (128 mil milhões de euros) em obrigações soberanas para ajudar a reconstruir as áreas atingidas pelas inundações e melhorar as infra-estruturas para fazer face a catástrofes.
No início do ano, o Norte da China beneficiou de um calor fora de época, com temperaturas que atingiram níveis de Verão, pouco depois de um Janeiro muito frio, em que a cidade mais setentrional de Mohe viu a temperatura cair para um recorde de 53 graus Celsius negativos.
El Niño traz Inverno mais quente
O Inverno deste ano poderá, no entanto, ser mais quente devido a um El Niño moderado, disse Jia Xiaolong, director-adjunto do Centro Nacional do Clima da China, numa conferência de imprensa esta sexta-feira.
O El Niño é um padrão climático natural associado ao aquecimento das temperaturas da superfície do oceano no Pacífico central e oriental. O fenómeno ocorre a cada dois a sete anos, com uma duração de nove a 12 meses.
"A temperatura da superfície do mar no Pacífico equatorial Centro-Leste continuará a exceder 0,5ºC em Novembro e o evento El Niño persistirá no inverno de 2023/2024, com uma intensidade máxima de entre 1,5 e 2 graus Celsius", afirmou Jia.
Mas as estatísticas mostram que as temperaturas no Inverno podem variar muito durante o El Niño, alertou Jia.