Earthshot Prize 2023: quem ganha somos todos nós

Resta saber como se deslocarão os finalistas e sua Alteza Real até Singapura para a entrega dos prémios. Espero que através de meios sustentáveis.

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Megafone P3: Earthshot Prize 2023: quem ganha somos todos nós Reuters/BRUNO KELLY
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Na Serra Leoa, a iniciativa Freetown the Treetown, da parte do município de Freetown, combate a perda de mais de 70% da cobertura florestal do país através de subsídios para quem plante e vigie árvores e mangais.

Numa tradução literal, isto significa "a cidade livre liberta a floresta". Assim, o objectivo é plantar um milhão de árvores até 2024 e dar o mote para outras cidades seguirem este exemplo.

Na floresta amazónica a desflorestação é combatida pelo projecto Belterra no apoio directo aos pequenos agricultores e na promoção da agricultura regenerativa, isto é, a redução dos químicos e adubos afins e a diversificação de espécies plantadas de modo a recuperar e enriquecer os solos e a floresta em redor.

Para quem não sabe, o desgaste dos pneus e respectivos travões é mais poluente em comparação com os escapes, poluição essa não regulada. No Reino Unido, a empresa ENSO desenvolveu um modelo de pneus específicos para carros eléctricos (35% menos poluentes). O objectivo? A produção de um milhão de pneus de baixas emissões até 2026.

Em Hong Kong a empresa GRST criou um processo mais ecológico e económico para a reciclagem de baterias de lítio dos carros eléctricos. Tendo em conta a escassez do lítio e a expectativa de termos nas estradas um total de 125 milhões de carros eléctricos até 2030, nunca como agora foi a reciclagem de baterias tão premente.

Se a isto juntarmos a produção de menos 40% de gases de estufa e a possibilidade de reciclar novamente as baterias recicladas, então a GRST é uma dádiva e um modelo a seguir.

No sentido de combater a sobrepesca, na África do Sul, a ABALOBI promove a cooperação entre pescadores e cientistas através de uma app na qual se regista todo o pescado. Se no início deste projecto cerca de 60% do pescado não cumpria as normas estabelecidas, hoje 90% do peixe vem de reservas haliêuticas.

A aplicação já se encontra distribuída por 12 países, acedida por milhares de pescadores. Para quando a sua implementação em Portugal?

De volta ao Reino Unido, mais precisamente em Cambridge, encontramos a Colorifix e o seu processo para tingir roupas a partir do DNA das cores de animais e plantas. Recriando um processo natural, elimina-se o uso de químicos e previne-se o desperdício anual de água suficiente para encher dois milhões de piscinas olímpicas.

E porque os actuais 2.4 mil milhões de bovinos e caprinos produzem 20% das emissões anuais de gases de estufa, vulgo metano fruto da flatulência destes animais, na Austrália, a Sea Forest desenvolveu uma ração à base de uma alga vermelha, a Asparagopsis, capaz de reduzir substancialmente a quantidade de metano produzida por um animal.

Sem dissociar a humanidade da natureza quando a humanidade é, em si, parte do mundo natural, estes são alguns dos 15 finalistas deste ano da edição dos prémios Earthshot com a curadoria do príncipe William, pouco importando o vencedor quando são todos vencedores e quem ganha somos todos nós.

Resta saber como se deslocarão os finalistas e sua Alteza Real até Singapura para a entrega dos prémios. Espero que através de meios sustentáveis ou, de preferência, uma simples ligação através da internet. O ambiente agrade, o planeta agradece, os finalistas agradecem e nós também.

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