Dolphin reforça ofensiva da BYD entre os familiares eléctricos
A nova proposta da marca chinesa apresenta-se com a “diversão e simpatia” de um golfinho, além de preço abaixo do limiar psicológico dos 30 mil euros, para conquistar clientes jovens.
A BYD, acrónimo para Build Your Dreams, apresentou-se ao mercado português, em Maio deste ano, com um trio de respeito – o SUV do segmento C Atto 3, o SUV do segmento E Tang e o sedan de segmento E Han. Agora, sobe a parada ao desafiar os pesos-pesados dos hatchbacks familiares com o Dolphin, com a marca a assumir que entre o seu radar está o Volkswagen ID.3, com que o emblema alemão pretende, num mundo electrificado, ocupar o lugar de referência que coube ao Golf.
A receita da BYD com o Dolphin é simples: dar-lhe um visual atrevido (a paleta de cores para a carroçaria, entre a qual um rosa pálido, como o que se vê na fotografia em cima, revela que o emblema não parece ter receio de ousar), dotá-lo de um bom pacote tecnológico, que sobressai num habitáculo funcional e elegante, e aproveitar os recursos que tem para apresentar uma solução 100% eléctrica com autonomia superior a 400 quilómetros. A cenoura: o preço. O Dolphin chega a Portugal a partir de 29.900 euros, ou seja, abaixo do limiar psicológico dos 30 mil, e com um programa de retoma de viatura no valor de 2000 euros. Por tudo isso, a marca considera estar capaz de atrair clientes jovens, em busca do primeiro carro eléctrico.
Assente na e-Platform 3.0, capaz de servir diferentes segmentos, o Dolphin mede 4,29m de comprimento, 1,77m de largura e 1,57 de altura. Dimensões compactas que contrastam com um habitáculo desafogado, a beneficiar de uma distância entre eixos de 2,7 metros. A mala arruma 345 litros, que podem crescer até 1310 litros com a segunda fila de bancos rebatida (é possível fazê-lo na proporção de 60/40).
No interior, sobressai um design cuidado e a opção por materiais agradáveis ao toque (e que, numa primeira impressão, parecem bem montados, algo essencial para que não se ande com o ruído de chocalhar atrás ao fim de alguns quilómetros), além de, claro, a veia tecnológica que a BYD exalta, a começar por um ecrã giratório, desde 12,8 polegadas, que, tal como já experimentáramos no Atto 3, pode ser posicionado na horizontal ou na vertical. Um detalhe que até pode não servir para nada, mas que promete surpreender os ocupantes. Já o software com que é servido parece intuitivo q.b., sendo possível recorrer ao Apple CarPlay ou ao Android Auto para usar as aplicações do smartphone.
Mas a veia tecnológica do Dolphin não se fica pelo capítulo de infoentretenimento. É que naquilo que mais se distingue é na mecânica eléctrica 8-em-1 e na bateria que a alimenta. A primeira integra a unidade de controlo do veículo, o sistema de gestão da bateria, a unidade de distribuição de potência, o motor de tracção, o controlador do motor, a transmissão, DC-DC e o carregador de bordo. Resultado: há menos perdas de energia entre os vários componentes, tornando o sistema mais eficiente. Já a blade battery, feita em casa, distingue-se de outras soluções usadas em eléctricos pelo facto de as células serem dispostas em lâminas, funcionando o conjunto como um componente de segurança (passou o teste de penetração de pregos), e pelo facto de usar ferro e lítio em vez de cobalto, o que promove a estabilidade térmica. A somar, o carro apresenta de série uma bomba de calor integrada, que aproveita o calor residual do ambiente, do motor, do habitáculo e até das baterias.
Sempre de tracção dianteira, o Dolphin pode ser equipado com uma bateria de 44,9 kWh combinada com um motor de 70 kW (95cv), a reclamar uma autonomia de 340 quilómetros, na versão Active (29.900€). A versão Boost, por mais 790 euros, traz a mesma bateria, mas cumpre menos quilómetros pelo facto de se apresentar com um motor mais pujante, de 130 kW (176cv), animando as prestações, mas penalizando a eficiência.
No nível Comfort (35.690€) chega a bateria de maior capacidade de 60,4 kWh, capaz de fornecer energia por 427 quilómetros, associada a um motor a debitar 150 kW (204cv). Exactamente as mesmas especificações técnicas são encontradas no topo de gama, Design (37.690€), que, por mais dois mil euros, acrescenta alguns mimos, como um tecto panorâmico, vidros escurecidos nos bancos traseiros e carregamento do telemóvel por indução.
No caso das versões com bateria de 44,9 kWh, o carregamento pode ser realizado até 7 kW em corrente alternada ou até 60 kW em corrente contínua; a bateria de 60,4 kWh aceita carregamentos até 11 kW em corrente alternada e até 88 kW em contínua (são 29 minutos para recuperar energia entre os 30 e os 80%).
Nota de relevo para uma marca que se estreou na Europa em 2021 (num início tímido, apenas na Noruega) é o facto de o Dolphin ter conquistado as cinco estrelas Euro NCAP, organismo independente que avalia a segurança dos automóveis comercializados no espaço europeu, com 89% na protecção dos passageiros adultos, 87% na protecção dos passageiros infantis, 85% na protecção dos utilizadores da estrada mais vulneráveis e nos 79% nos sistemas auxiliares.