A depressão Ciarán matou seis pessoas na Bélgica, em Espanha, na França e nos Países Baixos. Fenómenos de queda de árvores ou de ramos foram os grandes responsáveis pelos acidentes fatais, causados pelo mau tempo, que obrigou à paragem de escolas, de aeroportos e de comboios.
Uma criança de cinco anos e uma mulher alemã de 64 anos morreram em Gante, na Bélgica, depois da queda de ramos. Em Madrid, a queda de uma árvore causou a morte de uma mulher. Em França, um condutor de um camião foi morto também devido à queda de uma árvore, e em Le Havre, uma cidade costeira da Normandia, as autoridades anunciaram mais uma morte, de acordo com a agência Reuters. No Sul dos Países Baixos, uma pessoa morreu por causa da queda de árvores.
Em França, além das duas mortes, 15 pessoas ficaram feridas, incluindo sete bombeiros, de acordo com o ministro do Interior, Gérald Darmanin, adianta a Reuters.
A queda de árvores era um dos perigos anunciados devido à depressão Ciarán e os seus ventos fortíssimos que se previa que incidiriam principalmente em países como a Bélgica, a França, os Países Baixos e o Reino Unido. Em Finistère, na costa da Bretanha (França), os ventos atingiram os 130 quilómetros por hora provocando ondas de 20 metros, avança a Reuters.
A depressão Ciarán, como todas as depressões, causou uma diminuição da pressão à superfície, devido ao rápido movimento do ar ascendente, que causa também precipitação. No entanto, esta depressão provocou uma enorme queda da pressão, atingindo apenas os 954,3 milibares em Plymouth, na Inglaterra, um recorde para o mês de Novembro, de acordo com a BBC News.
Além dos acidentes fatais e dos feridos, 1300 pessoas tiveram de ser realojadas em abrigos temporários na França. Na cidade de Brest, em Finistère, várias casas foram evacuadas. Nos Países Baixos, centenas de voos foram cancelados assim como as viagens ferroviárias entre Amesterdão e Paris.
Antes de atingir terra firme, a depressão já tinha causado chuva e ventos fortes e inundações tanto na Irlanda do Norte como em partes da Grã-Bretanha.
Em Espanha, 42 voos também foram cancelados. Na Galiza, eram esperadas ondas de nove metros. A agência meteorológica espanhola lançou avisos vermelhos para aquela região e também para a Cantábria.
Em Portugal, 885 ocorrências
Na quarta-feira, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) tinha informado, num comunicado, que Portugal não viveria os efeitos directos da depressão, embora estivesse “prevista a passagem da superfície frontal fria” associada à depressão “durante a madrugada e manhã” de quinta-feira, lê-se no comunicado do IPMA.
Ao longo de quinta-feira, entre a meia-noite e as 15 horas, foram registadas 885 ocorrências associadas ao mau tempo, segundo a Protecção Civil. Destas, 630 estavam associadas a quedas de árvores, 153 a quedas de estruturas, 80 a inundações, 59 a limpeza das vias e 12 a deslizamentos de terras, avançou a agência Lusa. A maioria das ocorrências foi no Norte e no Centro do continente.
De acordo com o IPMA, a depressão iria causar ventos fortes em Portugal, que poderiam durante esta quinta-feira atingir rajadas de 90 quilómetros por hora no Norte e no Centro do país, com máximos de 110 quilómetros por hora nas regiões montanhosas.
Nas regiões costeiras, a forte ondulação obrigou o IPMA a colocar alerta vermelho esta quinta-feira para os distritos de Viana do Castelo até Coimbra, alastrando na sexta-feira o alerta vermelho até Lisboa, com a possibilidade de ondas até aos oito metros de altura.
Tempestade Domingos chega no sábado
Também já há nome e data para a próxima tempestade: a depressão Domingos deverá causar mau tempo em Portugal continental no sábado, mas o território não vai ser “directamente atingido pela tempestade”, afirma o IPMA num comunicado divulgado esta quinta-feira. A depressão desloca-se ao longo do Atlântico em direcção a leste e no dia 4 de Novembro deverá estar centrada a sul da Irlanda, afectando "significativamente" a costa Norte de Espanha e a região do Golfo da Biscaia.
A passagem da superfície frontal fria associada a esta depressão “originará períodos de chuva forte e persistente na noite e manhã de dia 4 [de Novembro] no Norte e Centro do país”, em especial no litoral e nas regiões montanhosas. A chuva deverá passar a aguaceiros durante a tarde e, no Sul, prevê-se que a chuva seja “moderada a fraca”. O IPMA também refere que haverá agitação marítima forte e que o vento terá uma “intensificação” a partir do final de sexta-feira.
A superfície frontal fria da depressão Domingos deverá também atravessar o arquipélago da Madeira durante o final do dia de sábado, “embora sem severidade”, refere o IPMA.