Israel intercepta drones e míssil disparados pelos rebeldes houthis do Iémen
Primeiro-ministro dos rebeldes reivindica ataque. Forças de Defesa de Israel dizem que usaram pela primeira vez o seu sistema de mísseis antibalísticos Arrow desde o início do conflito com o Hamas.
Israel anunciou esta terça-feira que a sua defesa antiaérea e aviação conseguiram interceptar um ataque com drones contra o seu território, ao mesmo tempo que, pela primeira vez desde o início do conflito com o Hamas a 7 de Outubro, accionou o seu sistema de defesa de mísseis antibalísticos Arrow para interceptar no mar Vermelho um míssil terra-terra.
O ataque com drones foi reivindicado, de acordo com a AFP, pelos rebeldes houthis do Iémen e foi interceptado pelos sistemas de defesa e pela aviação israelita e neutralizado sobre o mar Vermelho.
“Estes drones pertencem ao Estado do Iémen”, afirmou Abdelaziz bin Habtour, primeiro-ministro designado pelos rebeldes, que controlam parte do país e lutam contra o Governo reconhecido pela comunidade internacional.
O ataque com drone dos rebeldes apoiados pelo Irão, que fez soar os alarmes em Eilat e levou as pessoas a correr para os abrigos, não é o primeiro incidente do género desde o ataque do Hamas ter desencadeado uma resposta militar de Israel contra o grupo islamita que governa a Faixa de Gaza.
Na passada sexta-feira, o Egipto afirmou que a sua aviação interceptou vários drones alegadamente enviados pelos houthis contra Israel. Levando o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, a afirmar no sábado que a região se tinha transformado numa “bomba-relógio em contagem decrescente”.
O receio é que, tal como estão a fazer os libaneses do Hezbollah, também apoiados pelo Irão, no norte de Israel, os rebeldes iemenitas estejam a tentar abrir uma frente no Sul, para desgastar as Forças de Defesa de Israel (IDF).
No dia 19, o navio de guerra que os Estados Unidos enviaram para o mar Vermelho, o USS Carney, interceptou três mísseis alegadamente disparados pelos houthis desde o norte do Iémen contra Israel.
Segundo o Middle East Institute, desde Setembro que os houthis tinham vindo a intensificar os seus treinos navais no Norte de Hoddeida, ao mesmo tempo que recebiam novo armamento médio e pesado, o que dava a entender o objectivo de vir a atacar as rotas estratégicas na região.
Referindo-se ao ataque do dia 19, escrevia Ibrahim Jalal, do think tank com sede em Washington, os houthis poderiam estar apenas a declarar-se simbolicamente como fazendo parte do “eixo de resistência”, nome dado à coligação político-militar informal liderada pelo Irão contra Israel e o Ocidente.
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir Abdolahhian, afirmou recentemente que o eixo de resistência podia levar a cabo “acções preventivas” e avisou Israel para uma guerra em “múltiplas frentes” se invadisse a Faixa de Gaza e se os EUA entrassem activamente no conflito.
Esta terça-feira, Amir Abdolahhian encontrou-se com o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, no Qatar para discutir a situação em Gaza e no Médio Oriente, de acordo com a agência oficial iraniana IRNA. Esta é a segunda vez que Haniyeh, que reside em Doha, se encontrou com o chefe da diplomacia iraniana desde o começo do conflito.
O sistema Arrow
De acordo com um comunicado das IDF, o sistema Arrow detectou o míssil lançado da “área do mar Vermelho”, seguiu a sua trajectória e interceptou-o “no local e momento operacional mais apropriados”, na primeira vez que o sistema foi accionado desde 7 de Outubro.
Tal como no caso do ataque com drones, Israel acredita que o míssil foi disparado pelos rebeldes houthis desde o Iémen e visava atingir a cidade de Eilat, estância balnear israelita na costa do mar Vermelho.
“Todas as ameaças foram interceptadas fora do território do Estado de Israel”, garantiram os militares israelitas, falando tanto para o caso do míssil como para os “alvos hostis”, isto é, os drones.