Há 450 bovinos infectados por doença hemorrágica epizoótica, diz DGAV

Em termos de mortalidade, há “o registo de apenas 15 bovinos”, diz DGAV. Vice-presidente da Câmara de Miranda do Douro acredita que serão “bem mais”

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Rui Gaudencio

A Direcção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) registou até esta segunda-feira 188 explorações pecuárias a nível nacional com animais com sinais de Doença Hemorrágica Epizoótica (DHE) num total de 450 bovinos infectados num universo de 27.000 animais.

"Nestas explorações afectadas, encontram-se presentes cerca de 27.300 bovinos no total, mas destes apenas 450 animais apresentaram sinais clínicos compatíveis com a doença. Em termos de números da mortalidade há o registo de apenas 15 bovinos, devido à doença", indicou a DGAV à agência Lusa.

De acordo com esta Direcção Geral, os dados nacionais "são dinâmicos, uma vez que sendo uma doença transmitida por vectores (insectos do género Culicoides) vão sendo notificados focos à DGAV diariamente, registam-se ao dia de hoje 188 explorações notificadas com animais com sinais clínicos, a nível nacional (só notificada no território continental) ".

"A cada novo concelho onde surge a doença promove-se a recolha de amostras para confirmação laboratorial", indicou a DGAV.

O mesmo organismo explicou ainda que durante os meses de Verão, e face às alterações climáticas e permanência do mosquito na Península Ibérica, o número de casos tem aumentado substancialmente, mas os animais recuperam da doença cerca de duas semanas após o início da sintomatologia.

"Apesar de existir uma taxa de morbilidade das explorações afectadas inferior a 10%, a taxa de mortalidade verificada é inferior a 1%", indica o mesmo esclarecimento.

A DGAV acrescenta ainda que tem vindo a tomar um conjunto de medidas desde o aparecimento de um foco de doença em Espanha (Badajoz) no final de Novembro de 2022. "Neste momento todo o território continental está afectado pelas restrições associadas a esta doença", vinca.

Animais mortos "são bem mais"

Sempre que se confirma um foco de doença, é definido pela DGAV um raio de 150 quilómetros em volta deste e foram criadas regras aplicáveis à circulação animal e à desinsectização dos animais e dos veículos.

"Têm sido actualizados os editais à medida que são alteradas as áreas, e efectuadas reuniões com os médicos veterinários e associações do sector, de forma a expor e actualizar as medidas a tomar", esclarece.

Em Julho deste ano foram confirmados os primeiros dois focos em Portugal no Alentejo, pelo que foi implementado o reforço da vigilância clínica e das medidas de desinsectização.

A DGAV apenas declara as notificações que chegam de forma oficial, estando os produtores e médicos veterinários legalmente obrigados a declarar a suspeita desta doença.

Nesta doença, os focos correspondem a explorações onde um médico veterinário reconheceu clinicamente esta doença, tendo já sido confirmado laboratorialmente pelo menos um caso no mesmo concelho.

Os dados detectados ao momento no distrito de Bragança indicam a existência de 42 explorações afectadas, nas quais se contabiliza a presença de 1768 bovinos. Destes, 193 apresentaram sinais clínicos e 11 morreram da doença.

No sábado, o vice-presidente da Câmara de Miranda do Douro disse que discorda da estimativa de 33 casos de morte por DHE na região transmontana avançados pela Direcção Geral de Veterinária (DGAV), afirmando que são "bem mais".

"Não posso acreditar nos dados avançados pela Direcção-Geral de Veterinária, porque não correspondem à realidade vivida nas explorações do meu concelho", afirmou Nuno Rodrigues.

O autarca disse ainda acreditar que actualmente os números de animais de raça bovina mortos com DHE são "bem mais" e podem mesmo ultrapassar a meia centena, só no concelho de Miranda do Douro.