Universidade de Coimbra desenvolve sistema para prever o tipo de parto

Investigação quer prever quando um parto será vaginal ou de cesariana, para permitir um melhor aconselhamento médico na derradeira etapa da gravidez.

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Iniciativa da Universidade de Coimbra pretende que haja melhor aconselhamento das mães Manuel Roberto

Uma equipa da Universidade de Coimbra está a desenvolver um sistema de análise computacional para prever a probabilidade de um parto induzido ocorrer por via vaginal.

Até agora, os investigadores envolvidos no projecto já analisaram os dados de 2600 mulheres seguidas no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), “que apontam para resultados promissores”, informa a instituição de ensino superior em comunicado. “O próximo passo é analisar as ecografias recolhidas e, posteriormente, criar uma ferramenta com todos estes dados e testá-la em pessoas reais”, adiantou a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Neste trabalho, estão envolvidos investigadores do Departamento de Engenharia Informática e da Faculdade de Medicina, que “apostam no desenvolvimento de um sistema que tem como objectivo prever, através de análise computacional, a possibilidade de um parto vaginal após a indução do mesmo”.

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João Nuno Correia, Iolanda Ferreira e Ana Luísa Areia são os responsáveis por esta proposta DR

“As induções de trabalho de parto são realizadas cada vez mais frequentemente, mas nem sempre terminam num parto vaginal”, refere o comunicado, indicando que este foi o ponto de partida para a investigação.

“Todas as induções têm 30 a 35% de probabilidade de acabar em cesariana, portanto, sabemos de antemão que 70% das mulheres vão ter um parto vaginal. No entanto, se desses 30% conseguíssemos precisar os que vão realmente terminar em cesariana, poder-se-ia aconselhar de forma adequada e proactiva sobre a necessidade de indução de trabalho de parto, um processo árduo para a mãe e o feto e que, de facto, pode acrescer na carga emocional e económica associadas a este procedimento”, explica Iolanda Ferreira, que realizou a investigação no seu doutoramento, orientada por Ana Luísa Areia e João Nuno Correia.

Sendo esse “um procedimento tão frequente, e que gera tantos dados, pensámos que talvez pudéssemos utilizar uma técnica que fizesse a sua análise para ajudar os médicos a perceber se vale a pena (ou quando vale a pena) investir numa indução para obter um parto vaginal”, afirma Iolanda Ferreira no comunicado.

A doutoranda realça que, “neste momento, os obstetras investem na indução de parto em todas as mulheres, sabendo à partida, por determinadas características, em quais este poderá ou não acontecer por via vaginal”.

Criar maior confiança no parto

Para João Nuno Correia, “a ideia é chegar a algo que, através da fusão de dados (tabulares e imagens), forme um módulo de apoio que forneça informação personalizada sobre cada grávida, acerca da elevada probabilidade de parto vaginal após indução”.

“Se esta probabilidade for elevada, a indução será executada com maior confiança. Caso contrário, ou seja, se existir uma probabilidade de cesariana bastante elevada, a grávida pode ser aconselhada de outra forma”, acrescenta.

Nesta investigação, a inovação passa por “prever o tipo de parto também utilizando os dados de imagem ecográfica”, apontam no comunicado. “O clínico baseia-se na história clínica da pessoa e nas suas características no seguimento daquela gravidez. Queremos ver se o sistema, ao analisar aquela combinação de dados clínicos e imagens, percebe de uma forma que posteriormente ajude ou não a tirar alguma conclusão", sublinham os investigadores.

Esta colaboração entre a Engenharia Informática e a Medicina “é fundamental, porque futuramente vai apoiar a decisão dos médicos antes do parto e, consequentemente, permitir melhorar tanto os desfechos neonatais como as experiências das mulheres no parto”, concluem.