Linha da Beira Alta vai estar encerrada pelo menos mais seis meses
Infra-Estruturas de Portugal não se compromete com data de reabertura, mas, à cautela, a CP vai contratar o serviço rodoviário de substituição até Agosto.
Estava previsto que encerrasse apenas por nove meses, mas a interdição da linha da Beira Alta deverá durar, pelo menos, dois anos e dois meses. A data de reabertura mantém-se em 12 de Novembro, mas segundo apurou o PÚBLICO tal deverá acontecer apenas no primeiro semestre do próximo ano.
A Infra-Estruturas de Portugal (IP) não se compromete com nenhuma data, pois perdeu o controlo sobre o projecto, que está segmentado em troços, atribuídos a diferentes empreiteiros, que, por sua vez, trabalham a diferentes velocidades. Mas a CP - Comboios de Portugal, com base em informação disponível não oficial, já lançou um concurso público para assegurar o serviço rodoviário de substituição até Agosto de 2024.
Uma porta-voz da transportadora disse ao PÚBLICO: “Fomos, de facto, informados pelo gestor da infra-estrutura sobre o atraso nas obras da linha da Beira Alta, mas, até ao momento, não nos foi comunicada uma data específica para a reabertura da linha ao serviço de passageiros.”
Face a esta incerteza, e como “é imperativo garantir que o transporte dos passageiros continue a ser assegurado por autocarros, mantendo a dinâmica que tem sido adoptada desde o início das obras”, a CP avançou para mais uma compra de serviços de transporte rodoviário de substituição entre Pampilhosa e Vilar Formoso, por um valor-base de 3,4 milhões de euros.
A empresa explica que “o prazo de oito meses é apenas preventivo, pois é mais simples antecipar o término do contrato assim que a linha reabrir do que prolongar o mesmo em caso de atraso”.
Por parte da IP, e segundo o PÚBLICO apurou, tenta-se que tudo fique concluído ainda no primeiro semestre do próximo ano, se bem que a empresa não se comprometa com nenhuma data. Face a sucessivas perguntas do PÚBLICO sobre quando reabrirá a linha da Beira Alta, a IP nunca respondeu.
Oficialmente, a data de reabertura mantém-se em 12 de Novembro, tal como foi assegurado pelo próprio ministro das Infra-Estruturas, João Galamba, em Maio passado, durante uma visita às obras na Beira Alta.
As razões para o atraso na principal linha férrea que liga Portugal ao centro da Europa são várias e sucessivamente repetidas: a guerra na Ucrânia, as quebras nas cadeias logísticas, dificuldades de mão-de-obra, falta de materiais, inflação. Em Outubro de 2022, a IP justificava uma prorrogação do prazo por mais dez meses pela necessidade de construir um novo viaduto ferroviário em Santa Comba Dão devido às obras de alargamento do IP3 naquele local.
Mais tarde, a empresa admitia que tinham sido furtados 30 quilómetros de catenária (cabo de alta tensão que fornece a energia eléctrica aos comboios), o que teria implicações na conclusão das obras. Ultimamente descobriu-se que em várias empreitadas foi destruída indevidamente cablagem de sinalização que devia ter sido preservada e que agora vai ter de ser reposta.
As obras mais atrasadas são no troço entre Pampilhosa e Celorico da Beira. Daí até à Guarda, os trabalhos estão mais adiantados e deverão ser realizados comboios de ensaios no mês de Novembro. A IP admite mesmo abrir a linha da Beira Alta faseadamente, podendo começar precisamente pelo troço Celorico da Beira-Guarda.