Museu da bienal de cerâmica de Aveiro já tem projecto e está prestes a ser lançado a concurso
Espólio arrecadado ao longo de 30 anos irá, finalmente, ter a dignidade que merece. São 290 peças que passarão a estar expostas, ou em reserva, no espaço projectado por João Mendes Ribeiro.
Nas primeiras semanas de 2024, o município de Aveiro deverá estar já a lançar o concurso para a obra do futuro museu da bienal de cerâmica artística. Ficará instalado no edifício da antiga biblioteca municipal, que será devidamente reabilitado e adaptado à nova funcionalidade. O projecto de arquitectura, da autoria de João Mendes Ribeiro, foi dado a conhecer esta tarde, no âmbito da inauguração da XVI Bienal de Cerâmica Artística de Aveiro, apostando na preservação do edificado mais antigo. Será a morada das 290 peças que fazem parte do espólio reunido ao longo das 15 edições da bienal e que estava “descuidado”, reconheceu Ribau Esteves, presidente da autarquia.
As imagens 3D revelam um edifício que combina a edificação antiga, virada para a Rua José Estêvão, e que vai ser reabilitada, e uma peça nova, virada para a “praceta das camélias” e para a Avenida Lourenço Peixinho. “Aquela caixa de foyer que lá está actualmente [acrescentada na década de 1990, aquando da adaptação do antigo magistério primário a biblioteca] é muito má como peça de arquitectura. Portanto, a única solução boa que temos para ela é demoli-la”, sustentou o autarca, assegurando que será substituída por uma “peça moderna e que vai, ela própria, ser uma obra de cerâmica artística no seu revestimento”.
Muito embora ainda não tenha o processo totalmente encerrado, o município de Aveiro estima que a obra possa vir a custar cerca de 2,7 milhões de euros. O prazo de execução, perspectiva Ribau Esteves, “não deverá ser superior a 18 meses”, o que permitiria ter o museu pronto aquando da bienal de 2025. “Acredito que sim, tanto mais porque o projecto de arquitectura também integra a dimensão expositiva, portanto não ficaremos à espera de um segundo projecto para montar a exposição”, acrescentou.
Ainda que considere ser “um enorme desafio reabilitar um edifício neoclássico do século XIX”, o arquitecto João Mendes Ribeiro acredita que o edificado original oferece condições ímpares para expor peças de cerâmica. “Estamos a falar num pé direito de 5,5 metros”, destacou, durante a cerimónia de abertura da bienal. Além de salas de exposição, o futuro equipamento contará com uma recepção/loja e uma olaria.
A XVI Bienal de Cerâmica Artística de Aveiro encerra a 28 de Janeiro, entrando já na programação de Aveiro Capital Portuguesa da Cultura 2024 – é o primeiro evento a exibir essa marca, atribuída às cidades que ficaram para trás na corrida ao título de Capital Europeia da Cultura de 2027. A exposição principal está patente no Museu de Aveiro/Santa Joana, mas as exibições e instalações da bienal estendem-se a outros espaços, nomeadamente aos museus da Cidade e Arte Nova, à Galeria Morgados da Pedricosa, à Galeria da Antiga Capitania, aos Claustros da Misericórdia, ao Atlas Aveiro, à estação ferroviária e à Reitoria da Universidade de Aveiro.