“Sempre nos imaginei sentadas ao sol, de mãos dadas, finalmente livres. Falámos de todos os sítios onde iríamos, se pudéssemos. No entanto, partiste. Se eu soubesse que as bombas que nos chovem em cima te levariam para longe de mim, teria dito orgulhosamente ao mundo como te adorava mais do que tudo. Desculpa, fui cobarde”, lê-se num dos 100 cartazes colados nos autocarros e Metro de Londres, esta sexta-feira, por um grupo de activistas. É a história real de uma pessoa LGBTQIA+ na Faixa de Gaza.
A iniciativa do The Dyke Project, colectivo activista que luta pela visibilidade de pessoas trans, cis e não-binárias lésbicas, pretende colocar as histórias das pessoas queer palestinianas no metro de Londres, para que todos as vejam.
Para isso, usaram os testemunhos partilhados de forma voluntária na plataforma Queering the Map. No site, que quer funcionar como um “arquivo digital” da “experiência LGBTQ2IA+ em relação ao espaço físico”, os utilizadores podem deixar um pin num “banco de jardim” ou no “meio do oceano” e usá-lo para contar a sua história. É uma forma de a “preservar”, face aos movimentos que a continuam a “invalidar, contestar e apagar”, lê-se no site do projecto.
Há vários pins deixados na Faixa de Gaza e que foram agora usados pelo The Dyke Project para colorir o metro de Londres. “Por favor, saibam que, independentemente do que os meios de comunicação digam, há palestinianos gay. Estamos aqui, somos queer. Libertem a Palestina”, lê-se num dos testemunhos colados no metro.
No Instagram, o grupo activista acompanhou as fotos dos cartazes com uma descrição em texto onde acusam Israel de pinkwashing (uma estratégia para obter simpatizantes através de uma demonstração de apoio à comunidade LGBTQ+) para mascarar os horrores dos mais recentes bombardeamentos e da ocupação da Palestina.
A acção pede que Israel deixe de legitimar a violência na Faixa de Gaza através do apoio das políticas queer aparentemente progressistas: “Não em nosso nome”, lê-se na descrição. Todos os cartazes pedem a libertação da Palestina e o fim do apoio militar britânico a Israel.