EUA atacam alvos iranianos na Síria e enviam mais 900 soldados para a região

Irão diz que se a ofensiva de Israel em Gaza continuar, os norte-americanos “não serão poupados”. Biden avisa que haverá resposta aos ataques contra as tropas dos EUA no Iraque e na Síria.

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O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o secretário da Defesa, Lloyd Austin ELIZABETH FRANTZ/Reuters
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Os Estados Unidos atacaram duas instalações no Leste da Síria que dizem ser usadas pelo Exército dos Guardas da Revolução iranianos e por grupos apoiados pelo Irão. Este ataque, o primeiro do género desde Março, surge numa altura em que, segundo o Pentágono, as forças norte-americanas já sofreram 12 ataques no Iraque e quatro na Síria desde o início da guerra em Israel e na Palestina. Ao todo, 21 militares sofreram ferimentos ligeiros e um civil morreu com um ataque cardíaco depois de um falso alarme numa base no Iraque.

“Os EUA não procuram o conflito e não têm intenção nem vontade de se envolverem em mais hostilidades, mas estes ataques apoiados pelo Irão contra as forças dos EUA são inaceitáveis e têm de parar”, afirmou o secretário da Defesa, Lloyd Austin, num comunicado divulgado na quinta-feira à noite (madrugada em Portugal continental).

O Irão, disse ainda Austin, “quer negar o seu papel nestes ataques”, mas Washington “não o permitirá”: “Se os ataques dos aliados do Irão contra as forças dos EUA continuarem, não hesitaremos em tomar mais pedidas”. O chefe do Pentágono também quis sublinhar que os raides dos EUA foram “ataques sob medida”, em autodefesa e sem relação com a guerra entre Israel e o Hamas, mas tudo o que acontece agora na região tem de ser lido no contexto desse conflito.

Segundo escreveu na rede X Lahib Higel, analista do think tank International Crisis Group, entre os vários grupos armados no Iraque “alguns, incluindo o Kataib Hezbollah [uma das mais poderosas milícias a opera no país], foram mais longe do que as suas juras de atacar os EUA na região, e anunciaram mesmo a sua participação na Operação Tempestade Al-Aqsa”, como o Hamas chamou ao seu ataque a Israel.

Horas antes dos ataques na Síria, Washington anunciou que vai enviar mais 900 militares para o Médio Oriente, “com potencial para enviar muitas mais”, segundo a CNN.

Na sua intervenção na Assembleia Geral das Nações Unidas, quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir Abdollahian, afirmou que o Irão “não quer a expansão da guerra na região”, mas avisou que “se o genocídio em Gaza continuar, os EUA não serão poupados a este incêndio”. Uma semana depois do feroz ataque do Hamas e do início dos bombardeamentos israelitas em Gaza, Abdollahian disse à Al-Jazeera que era “cada vez mais provável que muitas outras frentes sejam abertas”.

Na quarta-feira, o Presidente Joe Biden enviou uma mensagem ao líder supremo iraniano, ayatollah Ali Khamenei: “O meu aviso ao ayatollah é que se eles continuarem a agir contra as nossas tropas nós vamos responder, e eles devem estar preparados”, afirmou em declarações aos jornalistas. O que, sublinhou “não tem nada a ver” com Israel.

Os Guardas da Revolução são um corpo de elite que responde directamente a Khamenei e têm estado presentes no Iraque e, particularmente na Síria, onde permitiram a Bashar al-Assad (também com apoio russo) derrotar a maioria dos grupos armados que surgiram depois da revolta síria.

Há uma semana, os EUA anunciaram ter interceptado três mísseis e vários drones lançados pelos rebeldes houthis do Iémen, xiitas que são apoiados por Teerão. Na altura, disseram que os projécteis se diriam para norte ao longo do mar Vermelho, “potencialmente em direcção a alvos em Israel”. Na terça-feira, o jornal The Wall Street Journal escreveu que a Arábia Saudita interceptou um míssil lançado contra Israel.

Antes de 7 de Outubro, os EUA tinham cerca de 2500 tropas no Iraque e 900 na Síria. E a juntar à sua presença habitual na região, que inclui várias bases, navios de guerra e aviões de combate, Washington enviou, entretanto, dois porta-aviões, uma unidade de fuzileiros navais com 2200 militares e um grupo de três navios anfíbios para o Mediterrâneo Oriental. De acordo com a CNN, o Departamento da Defesa está também a “apressar o envio de defesas aéreas adicionais”, mas não revela quando chegarão ou onde ficarão estacionadas.

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