Como era Lisboa há 100 anos? Nestas fotos há uma viagem entre o passado e o presente

Fotógrafa fez um livro onde justapõe fotografias de Lisboa do passado com as do presente. São 60 imagens onde se pode ver a evolução da cidade em 100 anos. Mostramos algumas delas.

Rua Garrett, em Lisboa, ao longo do tempo
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Rua Garrett, em Lisboa, ao longo do tempo Andreia Costa/Horácio Novais
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Praça dos Restauradores Andreia Costa/Horácio Novais
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Avenida Almirante Reis Andreia Costa/Horácio Novais
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Aqueduto das Águas Livres Andreia Costa/Horácio Novais
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Martim Moniz Andreia Costa/Horácio Novais
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Largo de São Domingos Andreia Costa/Horácio Novais
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E se fosse possível viajar 100 anos por Lisboa? Esse é o convite da fotógrafa Andreia Costa no livro Lisboa entre os Tempos. Em 60 fotografias, leva-nos numa viagem pelo tempo, onde é possível ver a evolução da cidade. As regras dessa viagem são simples: cada imagem corresponde a um local e combina fotografias históricas com outras actuais. Da Praça do Duque de Saldanha, passando pelo Marquês de Pombal e chegando ao Chiado, é possível ver a cidade a dois tempos.

A ideia para o livro surgiu em conversa com o fotógrafo brasileiro Marcello Cavalcanti. O objectivo era refazer fotografias de vários pontos das cidades do Rio de Janeiro e de Lisboa com um intervalo de cerca de 100 anos. Do lado de Marcello Cavalcanti, tinha de se mostrar o passado e o presente do Rio de Janeiro. Do lado de Andreia Costa, a missão era mostrar o mesmo em Lisboa.

“A minha inspiração foi observar a evolução da cidade de Lisboa ao longo dos últimos 100 anos. Há muitos edifícios que são os mesmos, mas há muitos edifícios que já são diferentes”, nota ao PÚBLICO a fotógrafa.

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Marquês de Pombal Andreia Costa/Horácio Novais

Andreia Costa esteve a elaborar o livro desde Janeiro até início de Outubro deste ano. Para “regressar” ao passado e refazer fotografias históricas, começou por pesquisar em espólios de fotografia da Fundação Calouste Gulbenkian. Também ainda espreitou o Arquivo Municipal de Lisboa, mas o espólio que mais lhe interessou foi o do fotógrafo Horácio Novais (1910-1988), que pertence à Gulbenkian.

Depois, esteve a analisar quais eram as fotografias que poderiam ser refeitas. “A dificuldade foi encontrar os lugares correctos”, relembra. Escolhidas as imagens, Andreia Costa refê-las nos tais lugares correctos. No final, justapôs as suas fotografias e as outras tiradas por Horácio Novais. Numa mesma imagem, pode-se assim ver como certos locais mudaram ao longo do século.

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A fotógrafa Andreia Costa DR

O livro é composto por 60 imagens da cidade — em cada imagem estão partes da zona antiga e da actual de cada lugar. A acompanhar as fotografias, está uma descrição do local. “É um choque visual quando se vêem as diferenças através das fotografias do livro”, sugere a fotógrafa.

Evolução do espaço e das pessoas

Andreia Costa pretende que este livro crie nostalgia nas pessoas. Nem todas as fotografias têm 100 anos — pelo menos todas elas têm 50 anos — e a fotógrafa espera que haja pessoas que ainda se lembrem de como estava a cidade há uns anos. “É um livro que vai fazer saltar a parte emocional de quem viveu e esteve sempre presente na cidade de Lisboa”, espera.

As diferenças entre o passado e o presente nas imagens observam-se na evolução do próprio espaço, como é o caso da Praça do Duque de Saldanha, onde se pode ver a fachada do antigo Cine-Teatro Monumental e o local como está disposto actualmente. As diferenças podem também estar nas próprias pessoas, como é o caso do Chiado. Nessa imagem, é possível ver como as pessoas se vestiam de forma diferente ou novos transportes, como os tuk-tuks. Também é possível ver turistas.

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Praça do Duque de Saldanha Andreia Costa/Horácio Novais

“A cidade foi evoluindo e as pessoas foram evoluindo”, constata Andreia Costa. “Conseguimos ter perfeitamente a noção onde a cidade estava e onde a cidade está neste momento.”

O livro já está em pré-venda, com o valor de 25 euros. Após o lançamento, a 5 de Dezembro, custará 30 euros. Tem um prefácio de Marcello Cavalcanti e de António Caeiro, professor de Filosofia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

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Martim Moniz Andreia Costa/Horácio Novais

Para a elaboração deste trabalho, Andreia Costa não teve qualquer apoio, embora ainda tenha procurado. “Tentei contactar a Câmara Municipal de Lisboa, mas não se mostrou muito disponível, e tentei contactar o Arquivo Municipal, que também não se mostrou muito disponível”, diz a fotógrafa. Acabou por fazer este livro apenas com financiamento próprio, gastando à volta de 10 mil euros, com gráficas, impressões ou compra dos direitos de autor.

Este é o primeiro livro de Andreia Costa e tem um significado especial, porque praticamente sempre viveu na cidade e gosta de ver a sua evolução. “Sempre gostei da parte mais antiga da cidade, ali na parte da Baixa, no Chiado e no Terreiro do Paço. Sempre gostei de caminhar pelas ruas de Lisboa e de sentir a cidade como ela é”, conta.

A fotógrafa diz que a evolução da cidade “não é uma coisa boa nem má”, mas que “o turismo em massa baniu um pouco os lisboetas da parte mais histórica de Lisboa”. “Lisboa está muito virada neste momento para o turismo, coisa que, se calhar, há 15 anos estava também, mas não se notava tanto.” Por isso, espera que quem veja o seu livro sinta que está a ver Lisboa como ela é.

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