Candidata que ficou em terceiro na primeira volta na Argentina apoia Milei

Decisão de Patricia Bullrich dividiu os partidos da coligação Juntos pela Mudança, que não querem apoiar o candidato ultraliberal.

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Patricia Bullrich ficou em terceiro lugar na primeira volta das presidenciais argentinas Reuters/MATIAS BAGLIETTO
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A candidata da coligação Juntos pela Mudança, Patricia Bullrich, que ficou em terceiro lugar na primeira volta das presidenciais argentinas, declarou apoio ao radical Javier Milei, que vai defrontar o peronista Sergio Massa a 19 de Novembro. A decisão fracturou as forças antiperonistas e chocou os mais moderados.

Não há muitos dias era possível ouvir Milei a acusar falsamente Bullrich de pôr bombas em jardins-de-infância. A ex-ministra da Segurança apelidava de “perigosas” as ideias apresentadas por Milei. Tudo parece ser agora águas passadas. Na quarta-feira, Bullrich revelou que pretende apoiar o economista ultraliberal que ficou em segundo lugar na primeira volta no domingo.

“Quando a pátria está em perigo, tudo é permitido”, declarou a ex-candidata presidencial, parafraseando o general José de San Martín, um dos heróis da libertação argentina. O “perigo” a que Bullrich aludiu é a permanência do peronismo no poder através de Massa, que era ministro da Economia do Governo cessante, considerado mais grave do que colocar na presidência da Argentina um homem que quer acabar com o Banco Central, o Ministério da Educação e derrubar qualquer réstia de Estado social.

“Temos a obrigação de não ser neutros”, afirmou Bullrich, esclarecendo que “não houve uma negociação” prévia com Milei.

O apoio de Bullrich, que obteve mais de seis milhões de votos na primeira volta, é um reforço poderoso para Milei, que precisa de captar muito apoio para superar a vantagem de Massa. Logo na noite eleitoral, o economista – que era tido como favorito na maioria das sondagens – apelou de imediato a um entendimento com outras forças antiperonistas, mudando significativamente a sua postura de desafio permanente à classe política tradicional, a “casta”.

A decisão de Bullrich, tomada apenas entre a candidata e o ex-Presidente Mauricio Macri, apanhou de surpresa vários dirigentes de partidos que compõem o Juntos pela Mudança. O presidente do governo da cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, que foi candidato às primárias contra Bullrich, foi um dos principais críticos da decisão, recordando que Milei “está nas margens da democracia”.

“Massa é a reeleição do populismo kirchnerista. A terceira alternativa é trabalhar para manter Juntos pela Mudança o mais forte possível para que seja uma alternativa”, afirmou Larreta.

Outros dirigentes relevantes da coligação, como o presidente da União Cívica Radical, Gerardo Morales, manifestaram a sua recusa em aceitar apoiar Milei e criticaram Bullrich e Macri.

Os analistas dão como certo o colapso da coligação que desde 2015 conseguiu unir as forças antiperonistas, concentrando-as como pólo agregador da oposição ao Governo. “A sociedade entre Morales, Macri e Bullrich foi sempre de conveniência e sem amor. E assim termina”, escreve Claudio Jacquelin no La Nación.

Ao fim do dia, Bullrich e Milei apareceram juntos num programa televisivo no canal TN, em que se mostraram sorridentes, se abraçaram e trocaram algumas palavras. “Que revolução armámos”, disse Milei à sua nova parceira política.

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