Município de Ílhavo volta a colocar o mar no grande ecrã

Mar Film Festival aposta na produção nacional e faz questão de se associar aos 130 anos do Farol da Barra. Exibição de “Os Faroleiros” é um dos destaques do programa.

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O filme "Os Faroleiros" foi restaurado recentemente Nelson Garrido
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Aproveitando a coincidência de o Farol da Barra assinalar o seu 130º aniversário no mesmo ano em que foi restaurado o filme Os Faroleiros, o Mar Film Festival fez questão de trazer este clássico do cinema português para a sua programação. Esta película de 1922 - recuperada no âmbito do FILMar, projecto operacionalizado pela Cinemateca Portuguesa - ganhou este ano uma nova banda sonora, criada pelo compositor portuense Daniel Moreira e interpretada pelo prestigiado grupo de cordas britânico The Arditti Quartet. Vai ser exibida precisamente na noite de encerramento do Mar Film Festival (MFF) 2023, que acontece já a partir desta quinta-feira, no município de Ílhavo. Durante quatro dias, o mar vai tomar conta do grande ecrã.

Depois de uma edição especial pós pandemia – em 2022, o festival estendeu-se por três fins-de-semana e centrou atenções nos filmes que tinham estreado em contexto pandémico -, o MFF retoma o formato próximo daquilo que vinha sendo habitual. Um programa de quatro dias - sendo o primeiro e parte do segundo dedicados ao público escolar -, concentrado no Museu Marítimo de Ílhavo. A excepção é, precisamente, a apresentação de “Os Faroleiros”, que acontecerá na freguesia onde está localizado o Farol da Barra, a Gafanha da Nazaré – sessão agendada para a Fábrica das Ideias (domingo, às 17h30).

Nesta quinta e sexta-feira, o público escolar será brindado com uma selecção de curtas-metragens de animação, “três das quais são portuguesas”, congratula-se Hugo Pequeno, programador de eventos da Câmara Municipal de Ílhavo, destacando o crescimento que a animação portuguesa tem registado e de foi exemplo a nomeação de Ice Merchants, de João Gonzalez, para os Óscares. Na noite de sexta-feira, às 21h30, começam as sessões para o público em geral, com “Água nas Guelras”, uma curta-metragem de Marco Schiavon sobre uma inesperada vida insular, seguindo-se “Saudade do Futuro”, um documentário de Anna Azevedo, que percorre três países ligados pelo mar – Portugal, Brasil e Cabo Verde – em busca de histórias atravessadas pela saudade.

Poluição sonora dos oceanos em destaque

Tendo o mar como temática central, o MFM não podia deixar de fora a questão da preservação dos oceanos e das ameaças à vida marinha. “Vamos dedicar a manhã de sábado a uma problemática que muitas vezes não entendemos como poluição, a poluição sonora, e à forma como ela afecta as populações marinhas”, introduz Nuno Costa, do Museu Marítimo de Ílhavo, a propósito da exibição, às 10h30, de Sonic Sea, um documentário de Michelle Dougherty e Daniel Hinerfeld, que alerta para a poluição sonora dos oceanos – um novo perigo que ameaça baleias, tubarões e golfinhos. A seguir ao filme, acontecerá uma conversa sobre “o impacto do som no oceano”, com Catarina Eira, docente da Universidade de Aveiro e directora do Centro de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos, e Marina Palácio, autora e ilustradora do livro “O Tratado do Silêncio”.

Da parte da tarde, a programação do festival continua a ir ao encontro do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo Museu Marítimo de Ílhavo. O ecrã do auditório do museu irá projectar as curtas-metragens da edição deste ano do Prémio Mário Ruivo – trabalhos que destacam sempre a importância do oceano para a vida no planeta Terra. “Faz todo o sentido apresentarmos estes filmes, que ainda estão a concurso, porque o Museu Marítimo de Ílhavo tem em exibição uma exposição temporária sobre o legado do professor Mário Ruivo”, destaca Nuno Costa, lembrando que a evocação desta “figura emblemática da ciência e, principalmente, da preservação do mar português” tem sido uma das grandes apostas da unidade museológica ilhavense ao longo deste ano.

Outro dos momentos do festival acontece na noite de sábado, já depois de serem exibidas as curtas-metragens “As Gaivotas Cortam o Céu”, Mariana Bártolo e Guillermo García López, e “Carapau de Espinho”, de André Roseira. Será a estreia de “O Som dos Heróis do Mar”, um documentário de Pedro Magano, que mostra o making-off do projecto de criação de uma nova banda sonora e dobragem interpretativa do filme português “Heróis do Mar”, através de um complexo projecto de comunidade desenvolvido, em 2022, pela Câmara Municipal de Ílhavo.

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