Hotel de Quarteira despede empregado de mesa que se recusou a lavar louça

O trabalhador encontra-se à porta do hotel, alegando que está impedido de exercer a função. O patrão ameaçou com a GNR. O sindicato respondeu com pedido de intervenção “urgente” da ACT.

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Em época baixa, é pedido aos empregados que desempenhem múltiplas funções Manuel Roberto
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Um empregado de mesa e bar do hotel Pinhal do Sol, em Quarteira, recusou obedecer à ordem de ir para a copa lavar louça. Por causa disso, o patrão despediu-o e mudou a fechadura do alojamento que lhe tinha cedido. Francisco Cruz, de 22 anos, permanece agora à porta do hotel, acompanhado de dois dirigentes sindicais, alegando que está a ser impedido de exercer a função para que foi contratado.

“Vim trazer-lhe comida e água, não tem dinheiro nem sítio onde ficar”, disse Tiago Jacinto, coordenador-regional do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, prometendo dar “todo o apoio” ao jovem de Leiria que agora se encontra desalojado.

Francisco Cruz, de 22 anos, encontrou no Algarve o seu primeiro emprego, sazonal, mas foi sol de pouca dura. “Respondi a um anúncio, vim para o Algarve, e agora aqui estou, e daqui não saio até ver a situação esclarecida”, disse.

A dispensa de funções deu-se nesta quarta-feira. A exigência de colocar os empregados a desempenharem múltiplas funções, justificou a entidade patronal, decorre das próprias condições do mercado laboral: “Entramos na época baixa, há menos clientes” e os poucos empregados que restam têm direito a ficar nas unidades hoteleiras. “Essa é uma falsa questão, contrapõe o dirigente sindical, acrescentando que “este hotel continua com uma boa ocupação”

Além disso, "tinha várias queixas de clientes”, justificou Wilson Viegas, um dos proprietários do hotel ao PÚBLICO, alegando que o empregado era “agressivo para com os clientes e por isso foi suspenso”. “Posso não andar sempre de sorriso aberto, mas nunca fui agressivo”, contrapõe o empregado.

O sindicato, entretanto, pediu uma “intervenção urgente” da Autoridade das Condições de Trabalho (ACT), exigindo que o contrato de trabalho, que terminaria em Fevereiro, seja cumprido.

“Ele está suspenso, o advogado está a tratar do assunto”, disse o patrão. De seguida, dirigindo-se a Tiago Jacinto, alertou: "Se não saírem daqui, que é um sítio privado, chamo a GNR”.

“Ontem já tinha chamado a GNR para correr daqui connosco mas não conseguiu”, disse o dirigente sindical. “Se não ficar aqui [no exterior], o Francisco vai para a recepção pois não tem para onde ir”, acrescentou. A fechadura da casa de madeira, onde dormia, cedida pelo hotel, foi mudada. “O meu colega, que também lá estava, foi outro dos despedidos”, acrescentou o empregado.

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