Joana de Verona quer colocar-nos entre o sono e a vigília

Performance e instalação, Kali é uma exploração do limbo entre dois estados, em busca do que esse lugar pode revelar. Chega agora à Rua das Gaivotas 6, Lisboa, à boleia do Temps d’Images.

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Lucília Raimundo e Mélanie Ferreira são as duas intérpretes em cena nesta criação de Joana de Verona ALÍPIO PADILHA
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Joana de Verona (ao centro) e a equipa que criou Kali ALÍPIO PADILHA
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Há muitos anos que Joana de Verona se sente intrigada com a forma como a matéria onírica pode transitar para o mundo consciente e habitar obras de arte. A actriz e criadora lembra-se de, aos 12 anos, ficar fascinada com “uma tia brasileira que pintava muitos quadros a partir dos seus sonhos”, conta ao PÚBLICO; e ficou marcada de maneira muito profunda pela participação no filme Mistérios de Lisboa, de Raúl Ruiz, sobretudo pelo momento em o realizador chileno interrompeu a rodagem de uma cena, pediu uma pausa à equipa, retirou-se para dormir durante uma hora e, ao regressar, mudou por completo o plano – solicitando à actriz, na pele de uma jovem rapariga tomada por ciúmes, que em vez de se sentar para colocar em diálogo esse clímax emocional, caminhasse por debaixo das mesas que compunham o cenário, como se a sua insegurança implicasse um regresso à infância. “Achei extraordinária esta liberdade de mudar o que estava predefinido e pedir à equipa um tempo para estar naquele limbo entre sonhar, estar acordado e dormir, nas chamadas alucinações hipnagógicas.”

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