Na Bélgica, o FC Porto vai ter de passar pelo “chouchou

Roberto Martínez é um dos apaixonados por Arthur Vermeeren, “menino” responsável por bloquear aquilo que o FC Porto quiser fazer à frente da área do Antuérpia.

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Jogadores do FC Porto treinam no Olival EPA/JOSE COELHO
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Os franceses gostam de chamar “chouchou” ao menino bonito, filho pródigo ou protegido de alguém – e isto serve entre pais e filhos, alunos e professores ou patrões e subordinados. E também entre jogadores e adeptos.

Nesta quarta-feira, em Antuérpia (20h, Eleven), o FC Porto vai ter de passar pelo “chouchou” da equipa belga, se quiser ser feliz na Liga dos Campeões.

Aos 18 anos feitos há cerca de três meses, Arthur Vermeeren é o preferido dos adeptos – por ser um jogador formado no clube, mas também por ser um craque impossível de ignorar. Bom, talvez não seja rigorosamente assim.

Durante anos, Vermeeren foi apenas mais um. Ao contrário de boa parte dos jogadores de topo mundial, não começou a chamar atenções aos 14 ou 15 anos. Pelo contrário, é definido, na imprensa belga, como um “talento invisível”.

David Penneman, treinador dos sub-17 da Bélgica, chegou a explicar ao Archysport o que pensou quando viu o jogador pela primeira vez – e viu-o bem tarde, já que Vermeeren nunca teve passado nas selecções jovens, além de não ser da formação dos principais clubes belgas.

“Ponham 100 pessoas a ver o Arthur e talvez nem uma vai destacá-lo como um talento fenomenal. Mas foi a discrição dele que chamou a minha atenção. Ele resolveu problemas antes de eles sequer surgirem ao olhar à volta permanentemente e jogando de forma eficaz. Ele andava dois passos à frente dos outros”, detalhou.

Discrição, eficácia, analisar o jogo e andar passos à frente dos demais são predicados que nos soam a médios que em Portugal teriam paralelo em jogadores do tipo dos Neves – Rúben e João. É até curioso que Roberto Martínez, que recentemente elogiou João Neves e o levou à selecção principal aos 19 anos, tenha falado de Vermeeren ao colega Penneman quando trabalhava na federação belga.

“Lembro-me de que o seleccionador ficou doido com o Arthur e perguntou se ele não poderia jogar na equipa principal do Antuérpia na época seguinte”.

As preces de Martínez foram ouvidas. Vermeeren chegou mesmo à formação principal do clube belga e as comparações com João Neves não são apenas na idade e no apreço de Martínez – são, em rigor, o mesmo tipo de jogador. Muita qualidade no passe, alta rotação e boa capacidade nos duelos, apesar de nenhum ser um “gigante” em altura ou peso.

Na Bélgica, as comparações são mais audazes. Fala-se do “Xavi belga”, depois de Marc Overmars, ex-jogador do Barcelona e coordenador do Ajax ter dito que não tem dúvidas de que Vermeeren pode jogar no Barça e que o vê parecido com Xavi e Iniesta, jogadores que o próprio neerlandês viu crescer quando jogava na Catalunha.

Aos 18 anos, Vermeeren estará sob o olho de Barcelona, Manchester United e Arsenal, até por ter, como médio-defensivo, o perfil variado que todos procuram: a qualidade técnica e as valências sem bola.

Vermeeren começou a formação como defesa e foi até esse o motivo pelo qual o pai o tirou do Mechelen e o levou para o Antuérpia, apesar de essa mudança ser, à data, um retrocesso – os sub-15 do Mechelen competiam mais acima do que os do Antuérpia.

O pai do jogador cria que o filho era mais feliz e mais capaz como médio tirou-o do Mechelen, onde o viam como um defesa.

Sendo elogiável ou não o plano futebolístico tão específico do pai para a sua criança de 15 anos, o certo é que a decisão teve sucesso – pelo menos no plano desportivo.

Vermeeren é o craque do Antuérpia, é um dos destaques do campeonato belga e vai caber-lhe a ele parar o futebol do FC Porto na zona perto da área.

Para essa missão, terá de suportar um FC Porto que deverá ir à Bélgica com um “onze” mais próximo do mais forte. Sobre Pepe, Eustáquio e Wendell, regressados de lesão, Sérgio Conceição não quis dar demasiados triunfos: “Estão aptos para ir a jogo, mas temos de olhar para a estratégia e para o ritmo competitivo de cada um deles. Temos de ver quem pode ir a jogo 90 minutos, 30 ou 20”.

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