Estes Morangos não têm açúcar, têm stevia

É muito difícil ver a reinvenção de algo que me reinventou sem me lembrar de mil e um momentos. Vi a estreia dos Morangos com Açúcar e acompanhei os amores e desgostos do Pipo e da Joana.

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Megafone P3: Estes Morangos não têm Açúcar, têm stevia ANA ANTÓNIO BENTO
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Podia dizer que senti uma enorme nostalgia por voltar a um sítio onde fui feliz, mas seria mentira. Durante quase um ano, as minhas horas de almoço tinham os Morangos como pano do fundo. Sem distanciamento, era difícil ter saudades. Mas também era impossível não estar entusiasmado com este regresso.

Foi com isso em mente que me prendi ao sofá para ver a nova versão da série que me ensinou a ser pontual. Todos os dias, à mesma hora, eu estava lá. Era uma religião e eu era extremamente fiel. Hoje é diferente. Já não sou pontual, nem vi a estreia à hora certa.

É até bem provável que, quando esta crónica for publicada, já existam vários spoilers espalhados por aí. É uma espécie de ejaculação precoce. Também não conseguem conter o entusiasmo. Coisa que não acontece neste texto. Pelo menos nos spoilers.

Vi um episódio e já fiquei feliz. Uma série que começa com “ou és influencer ou és invisível” tem tudo para correr bem, mas rapidamente me distraí com a rapariga que se esqueceu da carteira e não podia pagar a despesa do hospital. Se ainda não paga contas com o smartphone, vai encaixar nas pessoas invisíveis. Acho eu. Só vi um episódio.

Vi um rapaz pedir o número a uma rapariga. Também devem querer ser invisíveis, senão tinham antes pedido o Instagram. Ou o TikTok. Ou a próxima nova rede social que vai ser trend. Por falar em trends, temos padel. Por muito que seja um desporto entusiasmante, não chega aos calcanhares do motocross da Ana Luísa e do Simão.

O Simão continua nos Morangos e agora é médico. Faz sentido, visto que era um dos melhores alunos do Colégio da Barra. Tal como o Crómio, que agora é o director do colégio. Até aqui, tudo certo. E a Soraia? Não era uma das mais rebeldes que até esteve ligada, muito levemente, a uma rede criminosa? O que aconteceu na vida dela para agora ser presidente da associação de pais? Este é o mistério que me vai colar à televisão. Ou a qualquer outro ecrã porque em 2023 está tudo em todo o lado ao mesmo tempo.

É muito difícil ver a reinvenção de algo que me reinventou sem me lembrar de mil e um momentos. Vi a estreia dos Morangos com Açúcar e acompanhei os amores e desgostos do Pipo e da Joana, nas aulas e no Verão. E assim sucessivamente até o Colégio da Barra se transformar numa espécie de High School Musical (Disney+) com a Gabriela Barros e o David Carreira. É que já nem sei os nomes deste casal ficcionado.

Hoje, dizem que é uma espécie de Elite (Netflix). E que seja. É uma boa série de entretenimento e drama, tal como acredito que esta vai ser. Tal como o High School Musical também foi. É impossível não fazer comparações quando temos avalanches de séries e streamings que nos mudaram os hábitos de consumo. Eu que gostei de ver essas séries todas, também vou gostar desta.

Voltar ao Colégio da Barra é recordar as emoções à flor da pele. Se antes havia uma rádio, hoje há um podcast. E por falar em som, ainda tenho a banda sonora da série naquele CD que cheira a morango. E quando é que vão lançar a nova edição nesse vinil cheiroso?

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