De Vagar se vai ao jazz, de braço dado com o cante alentejano em Grândola

Criado por Carlos Martins, o projecto Vagar junta oito músicos de jazz e oito cantadores alentejanos e vai ser apresentado esta quinta-feira em Grândola, no Cine Granadeiro.

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Carlos Martins VITORINO CORAGEM
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Vai ser uma estreia e simultaneamente o primeiro passo, de vários que se preparam, de um projecto inédito que junta oito instrumentistas de jazz e oito cantadores alentejanos. Chama-se Vagar e é uma criação do saxofonista e compositor Carlos Martins, também ele alentejano e nascido em Grândola. Daí que a estreia se faça no grandolense Cine Granadeiro, com apoio da Câmara local, integrado no programa Comemorativo do Dia do Concelho. A entrada é livre.

Em palco, com o Carlos Martins Ensemble (Carlos Martins, saxofone e composição; Manuel Linhares, voz; Mário Delgado, guitarra; Carlos Barreto, contrabaixo; Alexandre Frazão, bateria; João Bernardo, piano; Joana Guerra, violoncelo; Paulo Bernardino, clarinete baixo) estarão oito cantadores do Grupo Procante (Hugo Bentes, Pedro Calado, Carlos Franco Nobre, Francisco Bentes, Luís Aleixo, Moisés Moura, Luís Soares e Francisco Pestana). O concerto contará ainda, segundo informa a Câmara de Grândola, “com textos de José Luís Peixoto e fotografia de José Manuel Rodrigues que cruza Cante Alentejano e Jazz/ Mar e Planície.”

Carlos Martins explica ao PÚBLICO que a ideia é “tentar criar um espaço de encontro, de convívio e de respiração que sirva para comunicar algo que tem que ver com o Alentejo, com alguma coisa local e ao mesmo tempo universal.” À apresentação do projecto em Grândola irá suceder-se um disco e um espectáculo no CCB, em Lisboa, em Fevereiro de 2024. “Este espectáculo vai ter oito cantadores alentejanos, entre Évora, Serpa e Beja, escolhidos por dois cantadores que são o Hugo Bentes e o Pedro Calado, e vai ter o meu septeto, um quinteto de jazz tradicional mais a Joana Guerra, em violoncelo e voz, e um clarinete baixo. Mas como eles são oito, achei que precisava de uma voz que fizesse a ligação entre a voz dos cantadores e a voz na área do jazz, da música improvisada, mais europeia do que americana. Por isso convidei o Manuel Linhares, que vai fazer passagens no sentido mais harmónico e melódico.”

Um disco e em 2024 o CCB

Depois da apresentação em Grândola, os músicos irão para estúdio, em Lisboa, entre os dias 6 e 8 de Novembro, seguindo para Serpa com o objectivo de gravar as vozes, entre os dias 15 e 17. O disco que daí resultar deverá ser lançado no dia 1 de Fevereiro de 2024, dia do espectáculo no CCB, em Lisboa. A sessão de Grândola, diz Carlos Martins, deve-se a uma gentileza da Câmara de Grândola e da Sons da Lusofonia, que também participa financeiramente, que faz com que seja possível, antes de ir para estúdio, experimentar ao vivo estas duas músicas que vêm muito da tradição oral e que são também culturas imateriais da Humanidade.”

O título do projecto, Vagar, tem um subtítulo, Mar/Planície. “Porque esta colaboração, além dos nomes dos músicos e cantadores, tem outros dois participantes: José Luís Peixoto, que já vai estar no concerto de Grândola, e que fez letras para as quais eu escrevi músicas; e José Manuel Rodrigues, fotógrafo que há-de criar um ambiente visual para os espectáculos através das suas fantásticas, extraordinárias e tão humanas fotografias.”

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