Casa da Arquitetura celebra Paulo Mendes da Rocha com conversas e edição de revista
A juntar às duas exposições que celebram 70 anos de carreira do Pritzker brasileiro, a Casa da Arquitectura apresenta programa de entradas gratuitas nesta quarta-feira.
Um programa com entradas gratuitas, conversas e o lançamento de uma revista vai assinalar na quarta-feira a data do nascimento do arquitecto brasileiro Paulo Mendes da Rocha (1928-2021), na casa da Arquitectura, em Matosinhos, anunciou a organização.
Paulo Mendes da Rocha nasceu em 25 de Outubro de 1928, em Vitória, no estado brasileiro do Espírito Santo, e a efeméride será marcada por uma conversa que reúne amigos e colaboradores do Pritzker 2006, nomeadamente Nuno Sampaio, director-executivo da Casa da Arquitectura, Fernando Serapião, Inês Lobo e Martin Corullon, e o lançamento do número duplo da revista Monolito dedicado às casas de Mendes da Rocha.
A conversa, marcada para as 17h30, no Espaço Luís Ferreira Alves, antecipa o lançamento do número duplo da Monolito (com um custo de 62 euros) intitulada Paulo Mendes da Rocha: casas, fruto da colaboração entre a editora e a Casa da Arquitectura.
Com 360 páginas em versão bilingue português/inglês, a revista é ilustrada com imagens do acervo doado por Paulo Mendes da Rocha, cedidas pelo Arquivo da Casa.
A edição #57/58 da revista apresenta 71 projectos de residências unifamiliares, mais de metade inéditos, desde estudos preliminares até obras construídas, criadas entre 1955 e 2011, segundo a organização.
Localizados essencialmente no Brasil, mas também em Portugal, França, Itália e Peru, dois terços dos projectos referem-se a moradias urbanas, mas também estão presentes casas de praia e campo. Sete dos projectos são apresentados em mais do que uma versão.
As obras construídas foram fotografadas por Leonardo Finotti e os textos são assinados por Ruth Verde Zein, Nuno Sampaio e Fernando Serapião.
Em Maio deste ano, a Casa da Arquitectura inaugurou duas exposições do arquitecto brasileiro que atravessam 70 anos de trabalho, intituladas Geografias Construídas: Paulo Mendes da Rocha, com curadoria do arquitecto, professor e curador francês Jean-Louis Cohen, que morreu em Agosto, aos 74 anos, e Vanessa Grossman, e Paulo: Para Além do Desenho, com curadoria de Rui Furtado e Marta Moreira.
Depois de ter recebido a doação da totalidade do acervo do arquitecto, em 2021, a Casa da Arquitectura - Centro Português de Arquitectura convidou uma equipa internacional a conceber uma retrospectiva da obra de Paulo Mendes da Rocha, com duas exposições simultâneas.
Ambas as exposições foram baseadas no acervo doado à Casa da Arquitectura, com um total de 8800 itens, englobando todo o material produzido durante a sua vida profissional, desde a década de 1950 até ao ano da morte.
Do acervo doado fazem parte mais de 320 projectos, reunindo cerca de 6300 desenhos analógicos, 1300 desenhos físicos, três mil fotografias e slides, e ainda um conjunto de maquetes feitas pelo próprio arquitecto.
Prémio Pritzker em 2006, Mendes da Rocha passou a associado honorário da Casa da Arquitectura, em Setembro de 2018, e foi galardoado com a medalha de ouro do Congresso da União Internacional de Arquitectos.
O arquitecto - que morreu em 23 de Maio de 2021, aos 92 anos - recebeu o Leão de Ouro de carreira na Bienal de Arquitectura de Veneza, em 2016, ano em que também recebeu o Prémio Imperial do Japão. No ano seguinte, 2017, foi-lhe atribuída a medalha de ouro do Instituto Real de Arquitectos Britânicos.
O Museu Brasileiro de Escultura (1987), o Museu de Arte de Campinas (1989) e o restauro da Estação da Luz, em São Paulo, convertido em Museu da Língua Portuguesa (2006), estão entre os seus projectos mais conhecidos.
Em Portugal, o Museu dos Coches (2008-15, com o escritório MMBB e Ricardo Bak Gordon) e a Casa do Quelhas, em Lisboa, são os dois projectos da sua autoria, e também das poucas obras que realizou fora do Brasil, onde centrou a sua carreira.
Paulo Mendes da Rocha foi também galardoado com o Prémio Mies van der Rohe de arquitectura latino-americana por dois anos consecutivos, pelo Museu Brasileiro de Escultura (1999) e pela Pinacoteca de São Paulo (2000).
Criada em 2007, a Casa da Arquitectura é uma entidade cultural sem fins lucrativos que desenvolve actividade no universo da criação e programação de conteúdos para a divulgação nacional e internacional da arquitectura, e é apoiada por fundos públicos e privados, tendo a Câmara Municipal de Matosinhos e o Estado como principais financiadores.