Sahra Wagenknecht funda partido na Alemanha para abalar sistema político

Vem da extrema-esquerda mas é contra a “esquerda lifestyle” e a imigração. O novo partido de Sahra Wagenknecht é algo inédito na Alemanha: conjuga valores económicos socialistas com conservadorismo.

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Sahra Wagenknecht é uma estrela da política da política alemã ALEXANDER BECHER/LUSA
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Sahra Wagenknecht é uma estrela da política alemã. O anúncio, nesta segunda-feira, de que vai formar o seu próprio partido, que pode colher votos tanto na extrema-direita como na extrema-esquerda e conquistar 20% dos eleitores, é como um ciclone que ameaça virar do avesso o sistema político da Alemanha.

Céptica em relação a temas de ambiente e contrária ao envio de armas para a Ucrânia, advoga uma solução negociada para a invasão russa e quer restrições à entrada de imigrantes. “Decidimos lançar um novo partido porque as coisas não podem continuar como estão. Senão, daqui a dez anos, o nosso país será irreconhecível”, afirmou.

Wagenknecht gosta de atacar aquilo a que chama “esquerda lifestyle”, consumida por questões como a dieta, os pronomes e a percepção do racismo e que não se preocupa o suficiente com a pobreza e o abismo cada vez mais largo entre ricos e pobres.

A economia, diz, é o mais importante. “Se a economia se afundar, não temos de nos preocupar com pensões, salários e prestações sociais. Isso tudo vai por água abaixo”, disse ao New York Times. Não poupa críticas ao Governo, uma coligação a três, entre o Partido Social Democrata, Os Verdes e os Liberais.

Ela é muito conhecida: pela presença assídua na televisão, em vídeos no YouTube e, claro, pela retórica das suas intervenções no Parlamento. Até agora, como membro destacado do partido A Esquerda – herdeiro dos comunistas da Alemanha de Leste.

Esta segunda-feira anunciou ter criado uma associação – a Aliança Sahra Wagenknecht – para formar um partido que deverá apresentar-se às eleições europeias da Primavera e, prevê-se, concorrer em três estados federados do Leste da Alemanha na segunda parte de 2024.

Sarah Wagner, da Universidade de Mannheim, estudou a ascensão de Wagenknecht e disse ao New York Times que ela oferece algo que nunca se viu na Alemanha: valores económicos socialistas com conservadorismo social. “Não se sabe quantas pessoas se alinham com valores de esquerda e conservadores. Mas será um grupo significativo”, disse Wagner.

A popularidade de Wagenknecht supera a dos líderes do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Mas ela diz que não cooperará com a AfD.

Uma sondagem feita no fim-de-semana pelo jornal Bild concluiu que 27% dos eleitores poderiam votar no partido de Wagenknecht. Um inquérito de opinião Civey para o portal de notícias T-Online mostra ainda que 20% dos eleitores se viam a votar nela. É a mesma percentagem que tem a AfD.

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