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Na Minha Estante: Vítor Silva Costa

O desafio era simples: diz-nos o que andas a ler, que livro marcou a tua vida ou que autor compras sem hesitar. Estas são as escolhas de Vítor Silva Costa, actor.

Qual o teu género de livros favorito?
É difícil porque depende muito da fase da minha vida e, essencialmente, do trabalho. Depende do projecto que estou a fazer. É-me difícil, às vezes, desligar dessa ideia do trabalho e da minha vida pessoal. Portanto, depende muito. Não tenho um género favorito, vou com o trabalho.

Qual o livro que leste mais vezes?
Esse é fácil. Foi a Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera. Li três ou quatro vezes e, na verdade, não sei muito bem porquê. Sei que é um autor de quem gosto, há uma ideia qualquer de melancolia e de confronto de uma geração para com a realidade, a sociedade e com o mundo que o rodeia, de um ponto de vista nem sempre positivo.

Tens um livro que inspirou a tua carreira?
Não tenho um só, tenho vários. Quando estudei na escola de Teatro, fomos confrontados com muitos livros canónicos da história do teatro e da filosofia. Acho que esses livros foram os que mais me inspiraram e, de alguma maneira, mais me trouxeram a vontade de ler e de conhecer autores, novos autores. As obras de Constantin Stanislavski, por exemplo, inspiraram-me e fizeram-me ver e olhar para o mundo de outra forma.

Qual o teu livro preferido?
Mais uma resposta difícil. Cândido, de Voltaire. É, provavelmente, um dos meus livros favoritos, é aquele que me vem mais vezes à memória quando penso sobre isso ou quando me perguntam. É um livro sobre a criatividade, sobre poder criar sem influências morais, religiosas, e o Voltaire defende muito esta ideia da vida criativa livre, no sentido daquilo que as pessoas querem, que as pessoas pensam, que as pessoas querem fazer, sem terem influência externa, sem serem censuradas por isso. E isso interessa-me enquanto artista, interessa-me enquanto ser humano. E há uma ideia muito importante para mim no Cândido: a de construir o nosso próprio jardim.

Qual o último livro que leste?
O último livro que li foi, na verdade, uma peça de teatro, mas o livro que estou a ler é o On Connection, de Kae Tempest, que é um livro, mais uma vez, sobre a criatividade, é uma espécie de meditação sobre a criatividade. Qual o teu autor português favorito? Eu gosto muito do Mário Cesariny, e gosto muito, muito da Adília Lopes. Da Adília, recomendo Bandolim, que leio várias vezes, principalmente quando estou meio deprimido. A Adília faz-me sempre rir muito e ter alguma esperança.

Há uma personagem de um livro que é parecida contigo?
Não sei, acho que nenhuma. Quer dizer, há várias personagens com quem me identifico de alguma maneira, mas há um livro que eu descobri há não muito tempo, de um colega de trabalho, que é o José Maria Vieira Mendes. É um autor e dramaturgo com quem já trabalhei e ele tem um livro que se chama Para Que Serve. É um livro para a infância, mas não é um livro infantil nem infantilizado. Coloca-nos questões, sempre, mas não tem respostas nem verdades absolutas. E, embora não seja um personagem, é uma ideia que a mim me diz muito, que é esta coisa de que eu sou muito chato, faço muitas perguntas, e não quero assim tantas respostas, quero só que me ponham a pensar. Eu acredito que isso é uma coisa muito importante na literatura e na nossa vida, portanto, desse livro, não tendo um personagem definido, identifico-me com a ideia do perguntador nato.

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