Ameaça terrorista “significativa”: o que muda em Portugal?

Sistema de Segurança Interna decidiu subir elevar o grau de ameaça terrorista e Portugal passa de moderado a significativo. Policiamento já foi reforçado.

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O Sistema de Segurança Interna coordena todos os serviços policiais e serviços de informação Rui Gaudencio
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O Sistema de Segurança Interna (SSI) elevou o grau de ameaça terrorista em Portugal de moderado para significativo, mas, na opinião do vice-presidente do Observatório de Segurança Interna, António Rodrigues, “não há qualquer evidência, nem houve qualquer tipo de crescimento de ameaça concreta, nem qualquer tipo de informação que tenha levado a subir o grau de ameaça.”

“Há duas questões importantes em relação a esta medida: primeiro não há evidência que no geral em Portugal haja qualquer tipo de acção terrorista previsível ou que haja uma qualquer preocupação adicional, e segundo não houve nenhuma informação nova relativamente a isso ou sinalização de qualquer tipo de actividade previsível”, declarou António Rodrigues.

Em declarações ao PÚBLICO, o vice-presidente do Observatório de Segurança Interna garante que “neste caso, a subida do grau de ameaça terrorista para significativo é acima de tudo um reforço da acção policial junto a espaços de aglomerados ou de personalidades. Significa ter mais atenção, ter um reforço de intervenção que, de algum modo, já existia junto da embaixada de Israel, junto da Sinagoga de Lisboa.” Neste caso – insiste “apenas e só algum reforço policial no sentido de chamar a atenção das pessoas que estamos atentos, estamos preocupados e estaremos continuadamente a monitorizar as situações.”

Segundo António Rodrigues, os episódios de violência que ocorreram em Paris, no Verão passado, e, mais recentemente em Bruxelas, "podem ter criado de algum modo na opinião pública algum receio" e esta medida de elevar o grau de ameaça terrorista que acontece numa altura em que há uma guerra entre Israel e Hamas visa dar um sinal de “prevenção e de atenção relativamente a um qualquer ataque.”

Afirmando que o Sistema de Segurança Interna coordena todos os serviços policiais e serviços de informação que existem em Portugal, o ex-deputado à Assembleia da República garante que a decisão foi validada pela Unidade de Coordenação Antiterrorismo e que perante “todas as discussões que houve com todas as forças de segurança e serviços de informação tinham de subir preventivamente apenas o acto de ameaça para que as pessoas possam ter algum tipo de sossego adicional, sabendo que as autoridades estão atentas.”

O vice-presidente do Observatório de Segurança Interna refere que esta situação vai manter-se "em função da observação daquilo que é a evolução ou não de ameaça terrorista no Médio Oriente." “Se houver um acréscimo de um qualquer acto de terrorista na Europa ou alguma coisa de maior dimensão; se houver uma qualquer ameaça suplementar, então neste caso o grau de ameaça pode manter-se ou subir. Se não houver rigorosamente nada e não houver mais actos de terroristas, naturalmente que podemos voltar a descer para moderado o nível do grau de ameaça.”

“Nesta fase, o que é verdadeiramente importante é de alguma forma transmitir uma imagem de conforto e de segurança às pessoas. Lá porque subiu o grau de ameaça não quer dizer que haja uma qualquer ameaça”, reforça António Rodrigues.

Também o professor universitário, Vitalino Canas, interpreta a decisão do SSI de elevar o grau de ameaça para significativo para “garantir uma maior vigilância e uma maior prontidão das forças e serviços de segurança.” “Passar de grau moderado para significativo deve ser visto como um reforço dos meios, dos sistemas de vigilância e garantir um maior empenho. No fundo há um acréscimo qualificativo e qualitativo do grau de vigilância e de prevenção”, afirma o também advogado que foi sectário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros no Governo de António Guterres.

Ao PÚBLICO, Vitalino Canas realça a vantagem de “Portugal ter estado até aqui relativamente protegido de eventos de carácter terrorista, mesmo em situações de crise noutros sítios que suscitaram este tipo de fenómenos".

"Em países como a França, Bélgica, Alemanha há muitas células ou grupos adormecidos que, no fundo, despertam nestas alturas de conflito, mas Portugal aparentemente tem estado protegido e, possivelmente, também os nossos serviços têm sido eficazes em fazer a análises, a vigilância e os desarmamentos de algumas ameaças que existam”, concluiu.

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