Presidente catalão não facilita a vida a Sánchez e defende que amnistia só termina com referendo

PP convocou um debate no Senado para insistir nos seus argumentos contra a amnistia que o ainda primeiro-ministro está a negociar com os independentistas catalães.

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Pedro Sánchez tem de ser investido até dia 27 de Novembro para evitar uma repetição das eleições LUISA GONZALEZ/Reuters
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A amnistia que Pedro Sánchez negoceia com os partidos independentistas catalães em troca de apoio à sua investidura “é imprescindível para avançar na resolução do conflito político” entre Barcelona e Madrid, mas é apenas “um ponto de partida que tem um destino, um referendo sobre a independência”, defendeu Pere Aragonès na Comissão Geral das Comunidades Autónomas do Senado. Foi com estas palavras que o presidente da Generalitat abriu o debate sobre a amnistia convocado pelo PP, em maioria na câmara alta das Cortes Gerais, o Parlamento espanhol.

“Se esta indignidade triunfa, rapidamente deixará de haver espanhóis”, afirmou na sessão a presidente da comunidade autónoma de Madrid, Isabel Díaz Ayuso. “Ninguém no banco azul”, disse a líder da linha dura dos populares, sobre a decisão do Governo de não participar no debate promovido pela direita. “Ninguém para expor ao Senado as razões da maior traição que se pode fazer a um país. Pedro Sánchez prometeu que não haveria amnistia antes das eleições e promete hoje uma amnistia para ganhar sete votos, mas não dá a cara”, acusou.

Sánchez não foi o único ausente nesta quinta-feira no Senado. Os três presidentes autonómicos que o PSOE mantém também recusaram o convite, com o partido a deixar a sua representação entregue a Juan Espadas, o presidente socialista na Andaluzia e porta-voz da Comissão das Comunidades.

“A tese que o PSOE defende para manter esta decisão reflecte a sua convicção de que o PP está a ‘instrumentalizar’ o Senado para desgastar Pedro Sánchez e a sua tentativa de investidura”, escreveu o jornal El Confidencial, a partir de conversas com responsáveis do partido.

No PSOE, escreveu ainda o diário digital, "considera-se que entrar no corpo a corpo com os 13 barões do PP que desfilam por Madrid é uma forma de ‘fazer o seu jogo’”. Sem a ida de Aragonès às Cortes, o debate teria servido simplesmente para o partido que lidera a oposição repetir os seus ataques à amnistia e criticar os ausentes. Algo que o líder da Generalitat, e dirigente da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), não quis permitir: “Se é preciso falar da Catalunha, a Catalunha tem de estar presente”, fez saber o governo catalão. Uma presença que não chegou para transformar a sessão num debate, já que o catalão saiu logo depois de falar, não ficando "por razões de agenda" para ouvir as restantes intervenções.

Na prática, e como escreveu a imprensa catalã, Aragonès quis aproveitar para recuperar algum protagonismo, para si e para a ERC, quando as negociações parecem centrar-se nas exigências de Carles Puigdemont, líder do partido Juntos pela Catalunha (Junts), e que era presidente catalão quando se realizou o referendo ilegal de 2017, chegando a declarar a independência da região.

Actual eurodeputado, Puigdemont, que fugiu para Bruxelas, evitando ser preso, julgado e condenado, como outros líderes catalães, pode ser um dos mais beneficiados com a amnistia aos dirigentes independentistas que organizaram a consulta.

Sánchez já assumiu que é isso que está a negociar, no quadro de um plano mais alargado de “normalização” com a Catalunha que enquadra na sua “política do reencontro”, que começou com o regresso ao diálogo e continuou com a eliminação do crime de sedição e com os indultos aos dirigentes que ainda cumpriam pena por “sedição” e “desobediência”. Mas nunca abrirá a porta a um referendo, como Aragonès bem sabe.

Falhada a tentativa de investidura de Alberto Núñez Feijóo, presidente do PP e candidato da lista mais votada nas legislativas antecipadas de Julho, o ainda primeiro-ministro foi indigitado pelo rei a formar governo a 3 de Outubro. Para ter o apoio da maioria do Congresso, o socialista precisa de juntar aos 121 deputados do PSOE e aos 31 do Sumar (seu parceiro de coligação), os da ERC (sete), do Junts (sete), do Bildu (seis), do Partido Nacional Basco (cinco) e do Bloco Nacionalista Galego (um).

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