Tempestade Aline: mais de 1200 ocorrências em Portugal, escola encerrada, hospital cancela consultas

Contabilizadas 1214 ocorrências desde que foi activado o alerta laranja na quarta-feira. Governo reforça capacidade de intervenção dos bombeiros e da protecção civil devido à tempestade Aline.

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Mais de 950 ocorrências foram registadas pelas autoridades até às 9h00 desta quinta-feira LUSA/MIGUEL A. LOPES

A Protecção Civil registou, entre as 00:00 e as 13:30 de hoje, 1.214 ocorrências relacionadas com o mau tempo em Portugal continental, que nas últimas horas se intensificaram na região de Lisboa, sem causar vítimas.

Em declarações à agência Lusa, o comandante Elísio Pereira, da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), adiantou que naquele período foram registadas no continente 1.214 ocorrências, sendo que a região de Lisboa e Vale do Tejo foi a zona mais afectada, com 519 ocorrências.

Hoje de manhã, cerca das 9:30 o balanço feito apontava para mais de 950 ocorrências registadas pelas autoridades desde que foi activado o alerta laranja, em virtude da chuva e dos ventos fortes provocados pela depressão Aline. A secretária de Estado da Protecção Civil, Patrícia Gaspar, afirmou esta quinta-feira, numa conferência de imprensa, que foi reforçada a capacidade de intervenção dos bombeiros e agentes de protecção civil.

"Desde a entrada em vigência do estado especial de alerta laranja [às 00h00 de hoje] temos um acumulado de 955 ocorrências. Cerca de 90% centraram-se nas Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa, com inundações em meio urbano, quedas de árvores e de estruturas pela acção do vento, e nesse sentido relembramos a todos que adoptem os comportamentos necessários e as medidas de autoprotecção", disse André Fernandes, comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC).

Durante a conferência, Patrícia Gaspar afirmou que não é possível saber, para já, as zonas onde a situação possa ser mais intensa. "A informação que temos é que todo o continente será afectado por precipitação intensa, vento forte e agitação marítima", disse a responsável.

"Nas últimas 48 horas, a ANEPC já vinha a acompanhar a evolução das previsões e em função disso, em termos de medida de antecipação, foi reforçada a capacidade de intervenção dos corpos de bombeiros e diferentes agentes de protecção civil, elevando o estado especial de alerta para laranja, que estará em vigor até às 00h00 [de sexta-feira]", acrescentou a secretária de Estado conferência realizada, pelas 9h30, na sede da ANEPC, em Oeiras.

As consequências do mau tempo estão a sentir-se em várias localidades e a obrigar a fechar serviços ou cancelar iniciativas previstas para esta quinta-feira.

Coimbra com escola encerrada. Famalicão com hospital com consultas canceladas

Uma escola básica da cidade de Coimbra foi hoje encerrada por precaução na sequência de uma inundação provocada pelo mau tempo, obrigando a que mais de 200 alunos tivessem de regressar a casa, revelou fonte da Câmara Municipal.

De acordo com a vereadora da Educação da Câmara Municipal de Coimbra, Ana Cortez Vaz, a Escola Básica (EB) 1 Quinta das Flores foi encerrada depois de se ter registado "uma infiltração que resultou de uma inundação grave".

"Esteve cá a Proteção Civil e os Bombeiros. A Proteção Civil aconselhou ao encerramento da escola hoje e amanhã [sexta-feira]", informou.

Mais a Norte, o Hospital de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, sofreu inundações em algumas partes do edifício, devido ao mau tempo, que estão hoje a afetar os serviços de medicina e reabilitação, a imagiologia e o hospital de dia.

Fonte do hospital explicou à agência Lusa que foram canceladas todas as consultas de medicina física e reabilitação agendadas para hoje, acrescentando que parte do serviço de imagiologia também foi afetada.

Além disto, os utentes do hospital de dia tiveram de ser encaminhados para o Hospital de Santo Tirso para realizarem os tratamentos.

No Porto, a inauguração da terceira edição da Porto Design Biennale, prevista para hoje, foi adiada devido às condições meteorológicas adversas, estando a nova data ainda por definir, anunciou a organização.

E em Lisboa, o Passeio Passeio Marítimo de Oeiras foi hoje encerrado "em toda a sua extensão", devido ao mau tempo, anunciou o município, no distrito de Lisboa.

"O Passeio Marítimo de Oeiras manter-se-á encerrado até que as condições meteorológicas sejam favoráveis", referiu a autarquia, em comunicado, acrescentando que se prevê agitação marítima e vento e chuva fortes, com especial incidência no período entre as 11:00 e as 16:00."

Cuidados a ter esta quinta-feira

A responsável pediu à população para adoptar comportamentos adequados à situação meteorológica, ou seja, evitar deslocações desnecessárias e redobrar a atenção e a cautela ao volante.

"[É preciso] ter um enorme cuidado no que diz respeito à condução, assumindo uma condução defensiva, evitando estradas com sinais de inundação, evitar tudo o que seja presença e actividades na orla costeira, fixar estruturas que podem cair e garantir a limpeza dos sistemas de escoamento das águas pluviais", indicou a secretária de Estado.

Patrícia Gaspar realçou também ter sido reforçado o contacto com as autarquias, que "têm um papel importante de primeira linha no seu território".

Todos os distritos de Portugal continental estão esta quinta-feira sob avisos meteorológicos laranja (o segundo mais grave de uma escala de três) devido às condições meteorológicas.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) prevê para esta quinta-feira, com a passagem da depressão Aline, vento de sudoeste, tornando-se gradualmente forte nas regiões Centro e Sul a partir do início da manhã, com rajadas que poderão atingir os 110 quilómetros por hora, em especial no litoral a sul do Cabo Mondego e incluindo a costa sul do Algarve, e nas serras destas regiões.

Quanto à chuva, deve aumentar de frequência e intensidade a partir da manhã, e, ao nível da agitação marítima, espera-se para a costa ocidental ondas do quadrante oeste com quatro a cinco metros, aumentando para cinco a sete metros de altura e podendo atingir uma altura máxima até 14 metros.

Na costa sul do Algarve as ondas serão de sudoeste, aumentando para quatro a 4,5 metros durante a tarde.

Notícia actualizada com mais informações sobre os efeitos do mau tempo e sobre o número de ocorrências