Tempestade Aline despede-se no final da tarde desta quinta-feira
A depressão Aline deverá deslocar-se para leste no fim da tarde de quinta-feira e deixar de afectar a Península Ibérica. Houve 3470 ocorrências registadas pelos serviços de protecção civil.
A tempestade Aline começou a “despedir-se” no fim da tarde desta quinta-feira, após 3470 ocorrências registadas pelos serviços de protecção civil até às 19h desta quinta-feira. Esta depressão, nomeada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), deverá deslocar-se para leste e deixar de afectar a Península Ibérica.
“Os efeitos da depressão Aline vão deixar de se sentir a partir do final da tarde de hoje [quinta-feira], tanto em Portugal como na Espanha. Portanto, começa a haver um deslocamento para leste e, entretanto, deverá começar a encher e não afectará outros países”, afirmou ao PÚBLICO Patrícia Gomes, meteorologista do IPMA.
Este abrandamento das condições meteorológicas não significa o fim da precipitação – continuaremos a ter chuva no país, mas com menos intensidade. O vento continuará a soprar forte, “mas já não é expectável que as rajadas sejam entre os 90 e os 110km por hora”, refere a especialista numa conversa telefónica.
Para a noite de quinta-feira e madrugada de sexta-feira estão previstos ainda alguns aguaceiros no Norte e no centro – “alguns com alguma intensidade”, sobretudo das zonas próximas do litoral, com a possibilidade de trovoadas. Daí que o aviso de precipitação do IPMA se mantenha, até às 6h00 de sexta-feira, para os distritos de Aveiro, Braga, Coimbra, Porto, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu.
Para o fim-de-semana, a paisagem meteorológica fica mais serena. A partir da manhã de sábado, os aguaceiros são “muito menos intensos”, “pouco frequentes”, e incidindo sobretudo no litoral do país. No fim tarde, estes episódios de precipitação podem estender-se para outras regiões. Já no domingo, os aguaceiros podem ser “localmente intensos” na região sul do país.
Em conferência de imprensa, ao final da tarde desta quinta-feira, o comandante da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), André Fernandes, diz que se mantêm em contacto com o IPMA para acompanhar a evolução das previsões. E acrescenta que “poderá haver um novo agravamento na noite de domingo para segunda-feira”.
Os estragos causados pela Aline
Portugal está a ser afectado pela depressão Aline desde o fim de quarta-feira, havendo até agora registo de milhares de ocorrências, tais como quedas de árvores ou inundações. A chuva e o vento não deram tréguas desde o início da manhã. “Chegaram a ser registadas rajadas da ordem de 90 quilómetros por hora no litoral oeste”, afirma a meteorologista do IPMA.
Em conferência de imprensa ao final da tarde, André Fernandes anunciou que, até às 19h, tinham-se verificado 3470 ocorrências. A boa notícia, afirma, é que “não há vítimas a registar”.
“A contabilização [dos estragos] neste momento ainda está a ser feita pelos diferentes serviços municipais”, acrescentou ainda o dirigente da ANEPC. Entre as ocorrências mais graves está o registo de sete pessoas desalojadas.
As áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa foram as mais penalizadas. Num Bairro das Fontainhas, no Porto, por exemplo, os moradores viram as suas casas ser inundadas pela segunda vez este ano, com cinco pessoas desalojadas. E na Póvoa de Varzim uma escola foi encerrada devido a infiltrações de água.
Já na Área Metropolitana de Lisboa os monumentos na serra de Sintra foram encerrados por precaução, uma vez que se registaram quedas de árvores durante a noite de quarta-feira. Duas pessoas ficaram desalojadas em Palmela, onde as casas “ficaram destelhadas por acção do vento”, informou o comandante da ANEPC.
Porquê o nome Aline após Babet?
Esta depressão foi nomeada pelo IPMA, porque as primeiras rajadas provocadas por esta área de baixa pressão foram sentidas em território português. Do mesmo modo, a tempestade Babet foi designada pelo MetOffice, uma vez que os efeitos iniciais da depressão se sentiram na Inglaterra.
“A Babet foi nomeada pelo serviço meteorológico do Reino Unido. Nós não fomos afectados directamente por essa depressão, mas sim pela superfície frontal fria que a ela estava associada”, explica Patrícia Gomes, que adianta não haver previsão de mais depressões passíveis de afectar Portugal nos próximos dias.
A atribuição de nomes a tempestades resulta de uma decisão conjunta de serviços meteorológicos da Europa. O IPMA e o MetOffice pertencem a grupos diferentes e isto explica porque o nome Babet precedeu a designação Aline, isto, apesar de as denominações de tempestades obedecerem a uma ordem alfabética.
O IPMA pertence ao grupo sudoeste, do qual fazem ainda parte os serviços meteorológicos da Espanha (AEMET), França (Météo-France), Bélgica (RMI) e do Luxemburgo (MeteoLux). A lista de nomes do grupo do Sudoeste é diferente daquela que foi elaborada pelo grupo da Europa Ocidental, no qual o MetOffice está integrado.
“As depressões do grupo do Sudoeste seguem uma ordem alfabética, que começa na letra A, mas não percorre todo o alfabeto, geralmente. Tenta-se incluir nomes que sejam minimamente consensuais ou comuns nos países integrantes do grupo. Neste caso, por exemplo, Aline é um nome usado em Portugal”, refere a especialista do IPMA.
Depois de Aline, seguem-se os nomes Bernard, Céline e Domingos. “Mas não se espera que haja uma nomeação nos próximos dias, no que toca a [depressões] que afectem o estado do tempo em Portugal continental”, esclarece Patrícia Gomes.
A nomeação de depressões tem início no dia 1 de Setembro de cada ano, prolongando-se até ao final da Primavera, no ano seguinte.
Notícia actualizada com informações da Associação Nacional de Emergência e Protecção Civil