Uma activista do colectivo Climáximo colou a mão a um avião que se preparava para fazer o trajecto Lisboa-Porto a partir do Aeroporto Humberto Delgado. O voo da TAP de número 1936 estava agendado para as 9h55, mas acabou por só descolar às 10h34.
O protesto tinha como objectivo alertar para as emissões de gases com efeito de estufa no sector da aviação civil, consideradas não só “absurdas, mortíferas”, mas também “completamente desnecessárias”. Os activistas climáticos recordam, na nota de imprensa, que “existem alternativas mais baratas e rápidas” para ligar cidades que distam 300 quilómetros uma da outra.
“É um acto de insanidade permitir que estes voos continuem, é estar a ver a nossa casa a arder e atirar gasolina para o fogo. Este tipo de voos inúteis tem de ser a primeira coisa a ser travada na indústria genocida da aviação”, afirma Alice Gato, a activista do Climáximo que colou a mão à parede da entrada da aeronave, citada no comunicado.
O colectivo reivindica o cancelamento dos planos para a construção de um novo aeroporto em Lisboa. Os representantes deste movimento defendem ainda “o fim imediato” dos voos de ligação entre cidades próximas, medida que deve ser acompanhada de uma aposta na expansão ferroviária e na “criação de um serviço público de transportes colectivos públicos, renováveis e gratuitos”.
Estas reivindicações pretendem, segundo o mesmo documento, garantir uma “transição justa” dos trabalhadores da indústria para aviação para sectores alternativos. A aviação é considerada como uma das indústrias mais difíceis de descarbonizar, não se vislumbrando soluções tecnológicas que permitam voos sem emissões ao longo da próxima década.
Contactado pelo PÚBLICO, o gabinete de relações públicas da PSP afirma que três membros do Climáximo - Alice Gato e outros dois activistas - foram conduzidos ao posto da polícia do Aeroporto Humberto Delgado.
Num canal do Telegram, um aplicativo para troca de mensagens, o Climáximo afirma que os activistas envolvidos no protesto no aeroporto de Portela foram identificados, sendo que dois encontram-se “retidos pela polícia, presumivelmente a aguardar detenção”.
Ao longo das últimas semanas, o Climáximo tem organizado diferentes protestos para “perturbar a normalidade” e, assim, alertar a população para a forma como as emissões crescentes também estão a alterar a composição da atmosfera e a tornar mais frequentes, e intensos, os fenómenos climáticos extremos.
A face mais visível do grupo mostra-se nos protestos de desobediência civil, com manifestações junto a empresas petrolíferas ou associadas a cortes de trânsito nas artérias de Lisboa. Várias têm sido as acções nas últimas semanas: já bloquearam a Avenida de Roma, a Segunda Circular e a rua de São Bento, em Lisboa. A mais recente acção foi a 12 de Outubro, quando acederam a um campo de golfe no Paço do Lumiar, em Lisboa, e inutilizaram os buracos, cimentando-os.