O director-executivo da gigante petrolífera Saudi Aramco disse na terça-feira que a COP28, a conferência climática da ONU deste ano, deve concentrar-se na redução das emissões de dióxido de carbono, que se deve em larga escala à queima de combustíveis fósseis, em vez de reduzir a produção destes combustíveis.
Amin Nasser, presidente do Conselho de Administração da Saudi Aramco, a empresa petrolífera estatal da Arábia Saudita e uma das maiores petrolíferas mundiais, discursou no Energy Intelligence Forum, em Londres, a pouco mais de um mês da conferência sobre o clima que terá início no Dubai a 30 de Novembro.
"A tónica deve ser colocada nas emissões. Actualmente, o foco não são apenas as emissões, mas sim [que] precisamos de encerrar ou abrandar a produção de energia convencional", afirmou Nasser.
O executivo alega que as energias renováveis, por si só, não conseguirão suportar o peso da procura global de energia. Nasser acrescentou ainda que os cortes na produção de petróleo e gás resultariam em escassez de energia e picos de preços.
A tónica, defende o presidente da petrolífera, deve ser posta na captura e armazenamento de carbono e na melhoria da eficiência da produção de hidrocarbonetos (compostos formados por carbono e hidrogénio, como os combustíveis fósseis) para reduzir as suas emissões.
Na segunda-feira, os ministros do clima da União Europeia afirmaram que, na COP28, iriam defender um acordo inédito a nível mundial para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis emissores de CO2.
Até 2050, defendem os governos europeus, "não deve haver nenhum combustível fóssil que não conte com um sistema de captura", sendo que as tecnologias de "abate" de emissões (ou seja, de captura de carbono) devem ser reservadas apenas aos sectores em que é mais difícil reduzir por completo as emissões, como alguns casos da indústria, sublinhou a ministra espanhola para a transição ecológica, Teresa Ribera Rodríguez (Espanha preside, actualmente, ao Conselho da UE), numa conferência de imprensa ao final da longa reunião de segunda-feira.
No entanto, os países estão longe de encontrar um entendimento entre os que exigem um acordo para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e as nações que insistem em preservar o papel do carvão, do petróleo e do gás natural.
Os cientistas afirmam que o mundo precisa de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em cerca de 43% até 2030, em relação aos níveis de 2019, para manter alguma hipótese de cumprir o principal objectivo do Acordo de Paris de 2015: limitar a subida da temperatura média da Terra abaixo dos dois graus Celsius, tentando que não ultrapasse os 1,5 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais.