Governo da Malásia usa crias de cães como isco para capturar panteras
Segundo o departamento de vida selvagem, é um “procedimento padrão” e os cães não ficam feridos. As crias são colocadas numa jaula e são libertadas quando as panteras entram.
O departamento dedicado à gestão de vida selvagem da Malásia admitiu utilizar crias de cães vivos como isco para capturar um grupo de panteras negras avistadas numa aldeia do estado de Negeri Sembilan. A medida está a ser criticada por activistas e associações pelos direitos dos animais que apelam ao Governo do país para recorrer a outros métodos.
Segundo o director-geral do departamento, Abdul Kadir Abu Hashim, recorrer a animais vivos para capturar estas espécies é um “procedimento normal”, escreve a Euronews. A primeira opção para apanhar os felinos foi uma cabra, mas as tentativas falharam.
“Neste caso específico, havia indicação de que a pantera tinha atacado cães [antes], por isso usamos as crias por causa dos latidos e do cheiro”, declarou o responsável, citado pela mesma fonte.
Depois de terem visto as panteras perto das casas, no início de Setembro, os habitantes informaram o departamento e apresentaram queixa depois de um dos felinos ter atacado um cão bebé num pomar. Nessa altura, explicou Abu Hashim, os funcionários montaram uma pequena jaula com dois compartimentos separados e colocaram as crias no interior de uma delas.
A divisória permite que os funcionários libertem os cães assim que a pantera entra na jaula. O primeiro felino a entrar na armadilha foi uma fêmea com cerca de 40 quilos e, até ao momento, o departamento de vida selvagem conseguiu capturar mais três destes animais. Em relação aos cães, segundo Abu Hashim, saíram ilesos.
Ainda assim, são várias as associações do país que condenam o método. A Malaysian Animal Welfare Association considera chocante a utilização de cães vivos e destaca que seria mais ético utilizar carne crua de animais de gado. Sobre esta hipótese, o responsável pela captura destacou que as panteras só entram na armadilha se virem a presa e que as crias de cães só foram usadas porque os adultos não cabiam na armadilha.
Na Malásia, as panteras são uma espécie protegida que raramente se aproxima de humanos, mas desde o início do ano o departamento de vida selvagem capturou pelo menos dez destes felinos próximos de localidades. A par disto, são animais cada vez mais procurados por caçadores furtivos.
As autoridades da Malásia não revelaram se as panteras foram libertadas na floresta, mas declararam que estão agora a tentar descobrir de onde vieram e como entraram na aldeia.