Há uma nova bienal de cinema a chegar a Leiria

A primeira edição decorre entre 27 de Outubro e 5 de Novembro no m|i|mo – Museu da Imagem em Movimento com filmes de realizadores como João Gonzalez e Luísa Sequeira, cursos ou um concerto de Surma.

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Ice Merchants, o primeiro filme português nomeado para os Óscares, encabeça a sessão que a bienal dedica a João Gonzalez DR
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A primeira edição da Bienal de Cinema de Leiria acontece entre 27 de Outubro e 5 de Novembro no m/i/mo Museu da Imagem em Movimento, onde se vai instalar de dois em dois anos para "celebrar a longa-metragem" (mas sem pôr de lado as curtas) com sessões de cinema, espectáculos e uma componente formativa.

A curadoria e produção está a cargo do Leiria Film Fest - Associação Cultural, que promove um festival internacional de curtas-metragens há dez anos no Teatro Miguel Franco, em Leiria. Segundo a directora, Cátia Biscaia, a bienal surge para tentar levar cinema para além das grandes cidades.

"Nós temos um museu [m/i/mo] que é fantástico e que é um marco no país. Portanto, faz todo o sentido começarmos a crescer nesta área da Sétima Arte", afirmou à agência Lusa. Cátia Biscaia acrescenta que o objectivo é "colocar Leiria no mapa do cinema", para o qual tem contribuído o Leiria Film Fest e outros projectos de programação que a associação tem promovido no m/i/mo, entre ciclos temáticos ou uma mostra de videoarte. "Com este convite do município [de Leiria], acabámos por intensificar [a aposta] e esperamos descentralizar um bocadinho o cinema de Lisboa e do Porto, trazendo-o para Leiria."

O programa da Bienal de Cinema de Leiria, anunciado esta segunda-feira, inclui a exibição de filmes de realizadores portugueses e internacionais, com sessões seguidas de conversas, todas elas de entrada gratuita. O evento arranca com um filme de terror, Faz-me Companhia, de Gonçalo Almeida, que irá também orientar um curso sobre curtas-metragens de terror. Luísa Sequeira apresenta, no dia 28, O Que Podem as Palavras, um documentário sobre o impacto nacional e internacional do livro Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa​, as "três Marias" que marcaram os movimentos feministas em Portugal no pré e no pós-25 de Abril.

A 2 de Novembro dedica-se uma "retrospectiva" a João Gonzalez, o menino-prodígio da animação nacional, realizador do primeiro filme de autoria portuguesa nomeado para os Óscares, Ice Merchants (2022). A esta curta-metragem juntam-se os primeiros trabalhos de Gonzalez, Nestor e The Voyager, que foram realizados ainda em contexto académico, somando mais de 20 prémios e 130 selecções para festivais de cinema.

Segue-se, no dia 3, O Último Banho, a primeira longa-metragem de David Bonneville, distinguida com o prémio Sophia de melhor filme português e com Martim Canavarro e Anabela Moreira no elenco (Bonneville estará também responsável por duas masterclasses). Há ainda Woman on The Roof, a 4 de Novembro, da realizadora polaca Anna Jadowska, numa sessão em parceria com o festival de cinema Porto Femme, centrado em cinema de autoras mulheres. A bienal acolhe ainda um ciclo de curtas-metragens de terror programado pelo festival MOTELX e a segunda edição do MIMO Video Art, dedicado a trabalhos de videoarte, ensaio visual e cinema experimental.

Além dos filmes, a programação passará ainda por um percurso guiado a uma exposição de cartazes de cinema; o lançamento do livro O Olhar do Guionista, da escritora Nélia Cruz; ou um concerto de Surma, cantora e compositora leiriense que está a preparar um espectáculo inspirado nas relações entre música e cinema para encerrar a primeira edição desta bienal.

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