Fingem-se de mortas para evitar sexo. É assim que as rãs fêmeas se protegem dos machos

Uma nova investigação mostra que as rãs nem sempre dizem que sim ao acasalamento. Às vezes, fingem-se de mortas para que os machos as deixem em paz.

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Nova investigação mostra que as rãs fêmeas não são sexualmente submissas como se pensava Unsplash
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Fingem-se de mortas, rodam o corpo para escapar e emitem sons de libertação. É assim que as rãs fêmeas dizem que não às tentativas dos machos que querem ter relações sexuais indesejadas. A conclusão é de um novo estudo publicado na revista científica The Royal Society.

Esta nova investigação mostra que as fêmeas da espécie Rana temporaria Linnaeus, ou rã-comum, nem sempre acedem às tentativas dos machos para acasalar, mesmo que sejam insistentes e coercivas, como é comum em rituais de acasalamento animal. Os investigadores descrevem estas tentativas como “assédio”, “copulação forçada” e “intimidação”.

“Em rituais de acasalamento, muitos machos agarram-se às fêmeas, que, na maior parte dos casos, não são capazes de se soltar. Isto pode levar à morte das fêmeas”, começam por contextualizar os investigadores Carolin Dittrich e Mark-Oliver Rödel.

Até agora, a literatura científica parecia evidenciar que as fêmeas eram “passivas” nos comportamentos sexuais, não tendo intenções de rejeitar as tentativas de cópula, mesmo que não estivessem interessadas. Através da observação de rituais de acasalamento, este trabalho chegou a novas conclusões que contradizem essa ideia.

As fêmeas de rã-comum europeia (Rana temporaria Linnaeus) recorrem a, pelo menos, três estratégias para evitar o assédio dos machos. A “rotação” do corpo para escaparem à cópula forçada, as “chamadas de libertação”, sons que emitem quando são agarradas pelos machos, e a “imobilidade tónica”, ou seja, fingem que estão mortas.

“Estes comportamentos estão fortemente associados a fêmeas mais pequenas, que são mais bem-sucedidas em escapar ao coito”, lê-se no estudo. A probabilidade de fuga demonstrou uma tendência para aumentar à medida que o tamanho das fêmeas diminui: quanto mais pequenas as rãs, maior a probabilidade de conseguirem escapar aos machos. As fêmeas mais pequenas usam até as três estratégias em simultâneo para fugir ao acasalamento.

Outro dado a sublinhar deste novo estudo é que a táctica de se fingirem de mortas não é frequente no mundo animal enquanto forma de escapar ao acasalamento.

Normalmente, os animais usam esta estratégia como mecanismo de defesa de último recurso para escapar aos predadores. A imobilidade tónica como resposta às tentativas de acasalamento, assédio ou canibalismo reprodutivo só foi registada em algumas espécies como aranhas e libélulas e apenas numa espécie de anfíbios além das rãs.

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