Comercializadores também vão financiar tarifa social da electricidade
Novo modelo de financiamento da tarifa social foi aprovado em Conselho de Ministros. Além dos produtores de energia, os comercializadores também vão suportar o desconto para clientes vulneráveis.
O Governo aprovou um diploma que vai alterar o modelo de financiamento da tarifa social de electricidade, que tem perto de 800 mil beneficiários.
Segundo o comunicado do Conselho de Ministros desta quinta-feira, “foi aprovado o decreto-lei que altera o modelo de financiamento da tarifa social, de forma a abranger transversalmente os produtores e comercializadores de energia eléctrica”.
Até aqui têm sido apenas algumas das empresas que produzem electricidade a financiar este desconto para os consumidores de electricidade economicamente vulneráveis (o regulador da energia estima que o custo da medida em 2023 seja de cerca de 120 milhões de euros), mas, com a alteração ao modelo, alarga-se “o âmbito e o número de entidades que irão comparticipar a tarifa social da electricidade”.
Assim, o financiamento deste desconto de 33,8% no preço final de fornecimento de electricidade passa a “abranger não só os produtores, mas também os comercializadores de energia eléctrica e os demais agentes de mercado na função de consumo”, refere o comunicado do Conselho de Ministros.
O detalhe da medida só será conhecido quando o respectivo diploma for publicado e está por saber se os consumidores finais – nomeadamente o universo de consumidores que não são beneficiários do desconto – vão ou não ser afectados por este encargo, que agora passará também a ser responsabilidade dos comercializadores.
O financiamento da tarifa social da electricidade é assegurado até à data pelos produtores de electricidade em Portugal continental, com excepção dos produtores com tarifa garantida – embora aqueles que têm tarifa garantida mas exploram centrais hídricas com potência acima de 10 MVA também sejam chamados a contribuir.
Na última década, a maior parte do encargo tem recaído sobre o grupo EDP, que é também o proprietário das grandes centrais produtoras no país.
Depois de criticar a medida durante vários anos e levar o caso a Bruxelas em 2020 (queixando-se que já havia gasto mais de 460 milhões de euros com a medida), a EDP conseguiu no ano passado que a Comissão Europeia viesse confirmar o “carácter discriminatório do modelo de financiamento da tarifa social em Portugal, em vigor desde 2010, não seguindo este as orientações europeias a este respeito”.