O presidente da Águas do Algarve, António Eusébio, prevê que o volume de águas residuais tratadas possa regar metade dos cerca de 40 campos de golfe na região a partir de 2025, permitindo uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos.
António Eusébio disse que a estimativa resulta de um investimento previsto de 23 milhões de euros até 2025 no Plano de Eficiência Hídrica, para a produção de água tratada para reutilização na rega.
"Com este investimento, estimamos um incremento de 1,4 para oito hectómetros cúbicos por ano, sendo 71% destinado à utilização pelos campos de golfe", realçou o presidente da empresa que gere o sistema intermunicipal de abastecimento de água e de saneamento do Algarve.
Segundo o responsável, os campos de golfe representam "actualmente um consumo na ordem dos 15 hectómetros cúbicos de água por ano", sendo o objectivo da Águas do Algarve "chegar ao final de 2025 com oito hectómetros cúbicos a serem utilizados para a rega, essencialmente de campos de golfe".
Rega agrícola e de jardins públicos
Por outro lado, refere, a água reutilizada das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), "pode ser utilizada não só na rega dos campos de golfe, como na rega agrícola, na lavagem de arruamentos e rega de espaços verdes públicos".
O responsável é um dos oradores convidados do seminário sobre gestão de águas residuais nos campos de golfe, organizado pela Federação Portuguesa de Golfe e que se realiza esta quarta-feira num hotel da cidade de Lagos, no distrito de Faro.
"É um encontro de extrema importância, onde quero deixar a todos os privados [a ideia] de que é fundamental trabalharmos em conjunto para obtermos novas origens de água, novas reservas e a reutilização de água, visando contribuir para assegurar o equilíbrio entre a oferta e a procura", destacou.
Nesse sentido, realçou, "não sendo a reutilização uma nova origem, permite manter água nas barragens e nos furos, águas subterrâneas que são utilizadas para a rega actual da maior parte desses golfes".
"Por isso, ao utilizarem água reutilizada das estações de tratamento, ficará a montante a água para a utilização futura no abastecimento, essencialmente no abastecimento público", notou.
Para António Eusébio, a gestão eficaz da água "é um desafio global", mas assume enorme importância no Algarve, região que atravessa "um dos momentos mais críticos das últimas décadas no que toca à escassez hídrica".
Projectos em curso
O responsável anunciou que a Águas do Algarve está a trabalhar em cinco projectos de eficiência hídrica com fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR): a segunda fase de Vila Real de Santo António, em Vilamoura e Quinta do Lago (Loulé), em Albufeira Poente e na Boavista (Lagos).
Os projectos com maior dimensão são os de Vilamoura e da Quinta do Lago, com um investimento de 14,7 milhões de euros. Em Vilamoura vão ser concluídos até 2025 cerca de 12 quilómetros de tubagem até à ETAR da estância balnear, para a rega de cinco campos de golfe e rega de espaços verdes. Na Quinta do Lago, também para concluir em 2025, a ampliação do sistema de adução para mais três campos de golfe e rega de outros espaços verdes.
Quanto a Albufeira Poente e Boavista, António Eusébio referiu que "não tendo uma dimensão tão grande, são projectos que já estão a ser executados", prevendo-se a conclusão do da Boavista em 2024.
"Todas estas medidas e investimentos são essenciais para assegurar um maior equilíbrio entre a procura e a disponibilidade dos recursos hídricos. Todos temos que conseguir ainda fazer mais e melhor para enfrentar os desafios das alterações climáticas", concluiu o responsável.