Preço do petróleo volta a subir com conflito israelo-palestiniano

Crude inverteu a quebra e abriu semana a subir 5%, com receios de que a instabilidade possa alastrar-se no Médio Oriente a produtores de petróleo como o Irão, que tem vindo a fornecer a China.

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Cotação do barril de Brent para entrega futura saltou 5% nas primeiras horas desta segunda-feira Reuters/DADO RUVIC
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O preço do barril de petróleo inverteu nesta segunda-feira a curva descendente em que tinha entrado recentemente e começou a nova semana a subir cerca de 5% nos mercados internacionais, no primeiro dia útil depois do início do conflito armado entre árabes e israelitas, no sábado passado.

Israel não é um produtor de petróleo, mas teme-se que o clima de guerra instalado entre os islamistas do Hamas e o Governo de Israel, com mais de 1000 mortos ao fim de três dias, possa gerar tensões acrescidas em toda a região do Médio Oriente, afectando outras regiões com importância económica para os combustíveis.

Como tal, não se espera um problema de escassez de crude, mas há receios de que a instabilidade política acabe por afectar as relações comerciais entre diferentes blocos geopolíticos, traduzindo-se num encarecimento do petróleo.

Às primeiras horas desta segunda-feira, tanto o barril de Brent do mar do Norte, que serve de referência internacional para Portugal e a Europa, como o barril de West Texas Intermediate (WTI, referência nos EUA) registaram um súbito salto no preço, em torno dos 5%, contrariando assim a tendência descendente que se instalara depois das perspectivas um pouco mais pessimistas em relação ao consumo e à manutenção ou até reforço da política monetária restritiva.

Ainda há poucos dias havia analistas que esperavam em breve a chegada do preço do barril aos 100 dólares, por causa dos fortes cortes de produção por parte de países líderes do cartel do petróleo, a OPEP+, com Arábia Saudita e Rússia à cabeça. Porém, as expectativas mais pessimistas face à evolução económica acabaram por travar e até inverter a ascensão do preço. Mas foi sol de pouca dura.

No imediato, há o problema do Irão, que chegou recentemente a níveis de produção de petróleo máximos desde 2018 e que apoia a luta armada do Hamas contra Israel, pela libertação da Palestina. Apesar de estar sujeito a sanções sobre exportações, Teerão tem fornecido grandes consumidores como a China.

Neste contexto, o preço do crude pode subir em termos mundiais fazendo reflectir, como parece já estar a acontecer, um prémio de risco de guerra.

No fim-de-semana, Washington alertou Teerão para os riscos de se envolver neste conflito. O Presidente norte-americano, Joe Biden, reiterou que o apoio de Washington a Israel “é sólido e inabalável”, defendendo que "este não é o momento para quem é hostil a Israel tentar tirar partido destes ataques".

Além disso, há o problema da Arábia Saudita. O conflito armado que estalou no sábado passado, depois de as milícias do Hamas terem atacado Israel fazendo um elevado número de vítimas mortais e de reféns, torna ainda mais difícil as relações negociais que os EUA estavam a tentar alimentar com Riade na tentativa de desbloquear um acordo que permitisse regularizar a produção diária da principal potência mundial na extracção de petróleo.

Apesar de ser feriado no Japão e na Coreia do Sul, como aponta a agência Reuters, o preço do barril de Brent para entrega futura subiu logo três dólares às primeiras horas desta segunda-feira, tocando nos 87,72 dólares (contra 84,18 dólares no encerramento na sexta-feira).

Ainda assim, este preço fica bastante abaixo dos 90,71 dólares de há uma semana e dos 94,36 dólares que atingira no final de Setembro, quando se estabeleceu o pico de preços dos últimos seis meses.

Horas após a primeira reacção, o nível de preços entrou em correcção, estando a subir um pouco menos, cerca de 2,7%, à hora desta notícia, face à cotação de fecho de sexta-feira. O barril de Brent cotava nos 86,86 dólares.

O barril de WTI, por seu lado, aumentou sensivelmente os mesmos três dólares, para 86,07. Também aqui houve uma correcção, com o salto inicial de 5,2% face ao preço de sexta-feira a baixar para os 3% nesta altura, levando a cotação para os 85,29 dólares.

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