Primeira-linha, o primeiro problema pós-Lagisquet

O Mundial 2023 assinalará a despedida do seleccionador nacional de râguebi, mas também de três jogadores que foram fundamentais para Portugal: Francisco Fernandes, Mike Tadjer e Samuel Marques.

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Mike Tadjer realizou em Toulouse o último jogo por Portugal Reuters/STEPHANIE LECOCQ
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A segunda participação de Portugal num Campeonato do Mundo de râguebi superou as expectativas dos mais optimistas. As (curtas) derrotas contra País de Gales e Austrália por 20 pontos - margem que não traduziu o equilíbrio dentro do campo -, o empate frente à Geórgia e a inédita vitória contra Fiji traduziram-se em mais do que seis pontos e do que a fuga ao último lugar do Grupo C.

Quaisquer que fossem os resultados, os “lobos” já tinham conquistado a admiração internacional dos adeptos da modalidade um pouco por todo o mundo. Culpa do “râguebi total” ou “râguebi champagne”, rótulos colocados às equipas que dão espectáculo, jogando preferencialmente à mão, a toda a largura do campo, pelas suas linhas-atrasadas. Porém, no dia seguinte ao Mundial 2023, há uma certeza: o pós-Patrice Lagisquet trará problemas sérios para o novo seleccionador resolver.

Se a nível técnico a aposta será na continuidade com a escolha de um francês para liderar os “lobos” – falta saber se o novo líder do "XV" português continuará a ter o importante auxílio de Luís Pissarra e João Mirra -, dentro do campo há três baixas confirmadas, que serão de difícil resolução a curto prazo.

Uma das principais dores de cabeça para o novo seleccionador será a renovação na primeira-linha. Sendo as posições de pilar e de talonador extremamente exigentes, e onde é requerido um perfil muito específico – força física e muita experiência -, Portugal sempre sentiu dificuldades em encontrar jogadores que conseguissem, num nível elevado, competir nas fases estáticas com rivais fisicamente poderosos, como a Roménia ou a Geórgia. E isso resultava em dificuldades que se traduziam, quase sempre, na incapacidade dos avançados de conquistar bolas para depois as libertarem para as linhas-atrasadas brilharem.

Nos últimos anos, isso mudou. E há dois nomes que têm responsabilidade nessa mudança: Francisco Fernandes e Mike Tadjer. Com muito “peso” e quilómetros de râguebi nas pernas nos exigentes campeonatos profissionais franceses, os dois primeiras-linhas trouxeram a Portugal a estabilidade que era necessária no “pack”. Os dois realizaram em Toulouse o último jogo pelos “lobos”, saindo pela porta grande.

Outra saída difícil de colmatar será a de Samuel Marques. Líder da equipa portuguesa dentro do campo, o médio-formação garantia a Portugal uma intensidade e uma velocidade de jogo na ligação entre os avançados e os três-quartos imprescindíveis ao mais alto nível.

Mas não só. Marques também elevou o nível português com a qualidade do seu jogo ao pé. E ficará na história por dois momentos decisivos: a penalidade marcada contra os Estados Unidos na última jogada do torneio de repescagem, que garantiu o apuramento para o Mundial 2023; e a conversão após o ensaio de Rodrigo Marta contra Fiji, que assegurou no último minuto os dois pontos de que Portugal precisava para festejar o primeiro triunfo num Campeonato do Mundo.

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