O Monte Branco, o pico mais alto da Europa Ocidental, perdeu mais de dois metros em dois anos e atingiu o seu nível mais baixo desde que começaram a ser efectuadas medições precisas, há 22 anos, devido aos Verões mais quentes que reduziram o volume de neve, informaram os investigadores na quinta-feira.
Uma equipa de topógrafos que realiza medições a cada dois anos disse numa conferência de imprensa em Chamonix, nos Alpes franceses, que a montanha tinha agora 4805,59 metros (15766 pés) de altura, 2,22 metros abaixo da última medição de 4807,81 metros (15773 pés) em Setembro de 2021.
"O topo do Monte Branco é como uma duna, move-se, e não é a primeira vez que medimos variações de altura de mais de dois metros", disse Cecile Taffin da união nacional de topógrafos UNGE. A responsável acrescentou que o nível particularmente baixo deste ano se deve provavelmente à falta de chuva e a um Verão quente.
Quando se iniciaram as medições precisas por satélite GNSS, em Setembro de 2001, o topo do Monte Branco situava-se a 4810,40 metros.
Entre 2001 e 2013, variou entre 4808 e 4810 metros, com um recorde de 4810,90 metros em 2007, mas a partir de 4810,02 metros em 2013 tem registado uma tendência decrescente.
O pico rochoso do Monte Branco culmina a 4792 metros, mas a altura total depende da sua camada de neve, que normalmente aumenta durante o Verão, à medida que a chuva no pico se transforma em neve.
Farouk Kadded, da Leica Geosystems, sublinha que este ano, pela primeira vez desde 2015 - quando os cientistas começaram as medições também em Junho - a camada de neve do Monte Branco em Setembro permaneceu praticamente inalterada em relação a Junho.
"Normalmente, o Monte Branco ganha um metro de Junho a Setembro, mas isso não aconteceu este Verão, porque houve vários dias de temperaturas positivas, até mesmo um recorde de 10 graus Celsius", acrescentou.
Os topógrafos afirmam que não lhes cabe a eles interpretar os seus dados e que são os especialistas em alterações climáticas que devem agora explorar estas alterações e apresentar teorias para explicar este fenómeno.
Antes do GNSS, com a sua precisão centimétrica, os cientistas recorriam ao GPS, às estimativas trigonométricas e às medições barométricas, que podem apresentar desvios de vários metros. "É difícil acreditar que vamos recuperar alguns metros nos próximos dois anos. Há muita variação, mas há uma ligeira tendência para a descida", disse Kadded.