FNE fala em mais de cem escolas encerradas, Fenprof diz que 90% fecharam
Estarão fechadas cerca de cinco dezenas de estabelecimentos de ensino no norte, mais de duas dezenas na zona de Lisboa, outras duas dezenas no centro e outras tantas nas regiões do Alentejo e Algarve.
A Federação Nacional da Educação (FNE) saudou a "enorme adesão" dos professores e educadores à greve nacional desta sexta-feira, que segundo um primeiro levantamento dos sindicatos encerrou mais de cem escolas.
"A FNE congratula-se e saúda todos os professores e educadores pela enorme adesão a este protesto", sublinha a federação, que faz parte da plataforma de nove estruturas sindicais que convocou a paralisação.
A meio da manhã, a FNE divulgou uma lista de duas páginas com escolas e agrupamentos que hoje não abriram as suas portas: cerca de cinco dezenas no norte, mais de duas dezenas na zona de Lisboa, outras duas dezenas no centro e outras tantas nas regiões do Alentejo e Algarve.
Cerca de três semanas após o arranque do ano lectivo, docentes e educadores voltaram hoje a parar para exigir velhas reivindicações, como a contabilização integral do tempo de serviço congelado: seis anos, seis meses e 23 dias.
Mas a contabilidade da Federação Nacional de Professores, que também integra a plataforma, é bem mais elevada, cifrando-se em 90% dos estabelecimentos de ensino de todo o país encerrados e em 80% de adesão à greve.
A percepção de Filinto Lima, da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, é que serão de facto mais de cem os encerramentos: "Há uma adesão muito forte, sobretudo no pré-escolar e no primeiro ciclo houve muitos fechos. O que sucede menos nos ciclos seguintes e no secundário por haver várias disciplinas" e nem todos os docentes terem abdicado de dar aulas.
Para este dirigente, o Governo tem de ter em conta quer o grau de adesão a este protesto, quer a sugestão feita pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de assinatura de um pacto para o sector da educação entre os diferentes partidos – por muito que a recuperação do tempo de serviço "não se vá resolver numa só legislatura".
Mas alguma coisa tem de ser feita, diz Filinto Lima, para travar este braço-de-ferro entre o Governo e a classe docente, sob pena de o problema se eternizar.
"Os professores perdem anualmente milhares de euros por não lhes ser contado integralmente o tempo de serviço que cumpriram", refere o pré-aviso de greve.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro voltou a rejeitar a hipótese de uma recuperação integral do tempo de serviço dos professores, defendendo que o custo "é insustentável para o país" e que "tem de haver equidade" para todas as carreiras da função pública. Vários dirigentes sindicais avisaram que esta posição iria potenciar ainda mais a adesão à greve.
O fim das vagas para progressão aos 5.º e 7.º escalões e das quotas de avaliação são outras exigências da plataforma, da qual fazem parte também o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) e o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU).
O protesto desta sexta-feira realiza-se 24 horas após o Dia Mundial do Professor, que se comemora a 5 de Outubro. Na próxima segunda-feira, 9 de Outubro, será a vez de os trabalhadores não docentes fazerem uma greve pela valorização das profissões, na sequência do pré-aviso entregue apenas pelo Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação (SINAPE), que também faz parte da plataforma.
Segundo o SINAPE, estes profissionais vivem desde 2010 "uma desvalorização salarial", uma vez que as suas "tabelas foram "engolidas" pelo ordenado mínimo nacional, sem que existisse uma reestruturação das carreiras".
Fenprof, FNE, ASPL, Pró-Ordem, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU são as nove organizações sindicais desta plataforma. O ano lectivo começou com uma semana de greves de professores e pessoal não docente convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação – Stop. com Lusa