O antes e o depois da seca “preocupante” que está a afectar a Amazónia

Imagens de satélite do programa Copérnico mostram seca na região da Amazónia, que está a ter impacto em milhares de pessoas. “Temos uma situação muito preocupante”, confirma a ministra Marina Silva.

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Imagem de satélite a 29 de Setembro de 2023 (à esquerda) e a 29 de Setembro de 2022 (direita) Satélites Sentinela-2 do Programa Comérnico da União Europeia

As últimas semanas têm tornado ainda mais evidentes os efeitos da seca severa que está a afectar a região amazónica do Brasil: os rios estão a sofrer de forma dramática, há peixes e golfinhos a morrerem nas águas, afectando também os transportes, a pesca, a agricultura e o acesso à água das populações desta região. As imagens divulgadas nesta sexta-feira pelos satélites Sentinela-2 do programa Copérnico da União Europeia mostram a forma como a seca alterou a paisagem fluvial de 2022 para 2023. As autoridades alertam que esta situação se poderá manter até Janeiro de 2024.

“Temos uma situação muito preocupante. Esta seca recorde perturbou as rotas de transporte fluvial, ameaçando a escassez de alimentos e água, e já estamos a começar a ver uma grande mortandade de peixes”, disse a ministra do Ambiente do Brasil, Marina Silva, numa entrevista à Reuters no final de Setembro.

Cerca de 111 mil pessoas foram afectadas numa região onde grande parte da população depende da pesca, que será suspensa durante algum tempo. A Defesa Civil brasileira alertou para que a seca pode afectar até 500 mil pessoas na Amazónia, com a perspectiva de que se continue a agravar no mês de Outubro.

O antes e depois da seca na Amazónia

A seca tem sido tão intensa, que o Governo brasileiro anunciou na quarta-feira um pacote de medidas para ajudar as comunidades da região para que não faltem recursos. Entre essas medidas estão a ajuda económica para agricultores e pescadores ou a dragagem de rios para facilitar a navegação, refere a Lusa.

A ministra do Ambiente brasileira, Marina Silva, disse ainda que a seca na Amazónia estava relacionada com o fenómeno meteorológico El Niño e com o aquecimento das águas do Atlântico Norte – tudo agravado pelas alterações climáticas.

A seca (e o calor extremo) poderá também estar relacionada com a morte de cerca de 120 golfinhos, encontrados num afluente do rio Amazonas, no Brasil. Na sequência da diminuição do caudal dos rios durante a grave seca na região da bacia amazónica, a subida da temperatura da água ter-se-á tornado insuportável para os mamíferos. É essa a causa de morte mais provável, concluíram os especialistas que estiveram na semana passada no local a examinar os cadáveres. Milhares de peixes morreram também nos afluentes do Amazonas devido à falta de oxigénio na água.